Deve ser feita uma auditoria independente ao dossiê Paço de Maiorca?
Já aqui referi que o concelho passou ao lado de uma oportunidade de recuperação do Paço de Maiorca cujo potencial poderia oferecer uma função pública ao complexo patrimonial de Maiorca, bem como dar vida, atrair pessoas e residentes permanentes à vila. Nesse tempo, decorria o mandato de Duarte Silva, existiam oportunidades de financiamento bem identificadas e algumas já negociadas, desde fundos europeus a fundos de empresas locais em regime de mecenato e dinheiro do jogo do Casino, que por contrato de concessão deve apoiar projetos sociais.
Essa oportunidade poderia ser materializada através do projeto do arquiteto Pedro Taborda. No entanto, acabou por ser substituída pela brilhante ideia de um hotel de charme em Parceria Público-Privada que colocava o risco quase todo do lado do município da Figueira e pouco ou nada do lado parceiro privado. Será que o privado em questão alguma vez iria lucrar 5 milhões de euros com a exploração do Paço, como vai obter agora em guisa de compensação?
Apesar da proposta de inquérito partir da força política com a maior responsabilidade no logro da recuperação do Paço e de partir de expetativas irrealistas sobre o resultado de tal iniciativa, sou totalmente a favor de um inquérito, em especial para determinar o que levou os responsáveis do executivo da altura a optar pela ideia do hotel de charme. Que motivações estiveram na origem de um contrato quase sem risco para um privado?
Quais as pessoas envolvidas nas decisões e se, por acaso, foram ou não constituídas arguidas noutros processos envolvendo questões imobiliárias decorrentes dos mandatos do mesmo executivo?
Outra questão relevante que um inquérito liderado por um grupo de trabalho constituído por deputados municipais poderia verificar seria se o parceiro privado em questão alguma vez financiou campanhas eleitorais ou campanhas de eleições de órgãos internos de partidos políticos. São apenas todas questões muito esclarecedoras e quiçá ajudassem a explicar decisões ruinosas quase inexplicáveis.
Pode ler a opinião de Rui Curado da Silva na edição impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS