Deve ser feita uma auditoria independente ao dossiê Paço de Maiorca?
Voltamos a falar do Paço de Maiorca: o processo que está na ordem do dia da política figueirense, há alguns meses. Já muito foi redigido e dito sobre o Paço. Até agora todos reclamam razão e o “passa culpas” é constante. Considero que uma auditoria é sempre saudável para a democracia, desde que parta de auditores totalmente independentes e não articulados com uma das partes. Aliás, temos o caso BES como um exemplo claro de auditorias que lesavam o interesse público, contudo repetiram sucessivamente o favor a quem os contratava.
Contudo, acredito que na Figueira a auditoria não venha resolver muito. Apenas servirá para encontrar os culpados morais deste negócio ruinoso, dado que, em termos legais, no momento de assinatura do contrato estava tudo de acordo com a lei. Concretamente esta auditoria apenas serve para confirmar aquilo que todos os figueirenses já sabem: a Câmara terá que indemnizar os privados em mais de 5 milhões de euros. Não acredito que faça muito sentido dispender dezenas de milhares de euros para um auditor confirmar aquilo que qualquer pessoa que ouça os factos do caso conclui.
Um exercício interessante de fazer numa possível auditoria era perceber quem foram as pessoas envolvidas na assinatura dos contratos e o que representam elas em termos estruturais para o PSD no distrito de Coimbra.
Considero que a auditoria seria positiva para esclarecer quem foram os reais culpados em toda esta trapalhada, esclarecimento sobre o qual não teria muitas dúvidas sobre o resultado. Todavia, devido à situação financeira do Município, que continua o seu trajeto positivo de pagamento de dívidas, não devemos contrair uma despesa de algumas dezenas de milhares de euros só porque um partido político precisa de material para os seus outdoors, intervenções na câmara e publicações nas redes sociais.
Aliás, considero que no meio deste processo o PSD seria o principal interessado em manter o processo do Paço de Maiorca esquecido. Acredito seriamente que a Câmara não terá nenhum problema em auditar o processo, contudo este não é o tempo de entrarmos em aventuras financeiras.