Sempre que, até há seis meses, aceitava e repetia que o Mundo estava a mudar a uma velocidade nunca antes observada, não concebia que essa mudança pudesse sacudir desta forma o paradigma em vigor, ao ponto de, nesta altura da pandemia, já não ser ousado pensar que, muito provavelmente, teremos de começar a desenhar uma outra forma de nos relacionarmos uns com os outros e com a natureza.
Estou cada vez mais convencido, portanto, que uma das áreas na qual, necessariamente, tem de haver mudança é a Política, aqui entendida enquanto atividade cujo fim supremo é a gestão da res publica, a “coisa do povo”, a “coisa pública”. Ora, num contexto de profunda perplexidade e de incerteza, por sua vez surgido de um afastamento (inexorável?) das pessoas em relação à confiança, que deveria ser natural, nas pessoas que nos governam e nas instituições, a solução só pode ser um novo contrato social, baseado na Verdade, no Cuidado e na Sustentabilidade.
Assim, claro que a Câmara da Figueira deve Cuidar socialmente, mas com Verdade e Sustentavelmente, prolongando os apoios que efetivamente o são e ousando criar outros – todos os que servirem para minorar a dor e o sofrimento dos que deles realmente necessitam, enquanto estes não puderem retribuir a ajuda que lhes foi proporcionada. Verdade que passa também por monitorizar a aplicação dos apoios concedidos e por não confundir, por exemplo, a antecipação de verbas, no âmbito do Regulamento Municipal de Apoio às IPSS, com apoio extraordinário.
Neste tempo, não foram realizadas, entre outras, a 32.ª Gala Internacional dos Pequenos Cantores, a edição de 2020 da Madjer Youth Cup, a 14.ª Meia Maratona Internacional da Figueira da Foz, previstas realizar em maio, junho e julho passados, e há poucos dias ficámos a saber que também o Carnaval de 2021 foi cancelado, o que garante o lastro financeiro para o prolongamento/acentuação dos apoios sociais.
Mas eu sei que 2021 é ano em que nem todos sabem dizer: “as eleições que se lixem!”…