1. Um País bipolarizado nunca poderá ser um País desenvolvido
O desenvolvimento equilibrado de Portugal nunca se verificará enquanto tivermos um País bipolarizado entre duas Regiões Metropolitanas exageradamente grandes para o pequeno País que somos. A Região de Lisboa, com 2,8 milhões de habitantes, a do Porto com 1,7 milhões, perfazem somadas cerca de 50% da população portuguesa. À volta delas, um País interior cada vez mais abandonado, desertificado, a morrer! Uma lamentável loucura!
E o que encontram nessas Regiões Metropolitanas, que há muito perderam o rosto humano, aqueles que abandonam o interior, à procura de uma vida melhor?
Empregos disputados, mal pagos e abaixo das suas expectativas, uma qualidade de vida infinitamente pior do que aquela que tinham nas Regiões de origem. Vida agitada, febril e stressante, ruido, poluição, roubo, corrupção, marginalidade, bairros de lata onde a policia nem pode entrar cercam cada vez mais, inexoravelmente, como anel de fogo.
A Pandemia que estamos a viver é sinal disso, concentrando-se preferencialmente nas áreas de maior densidade populacional onde o risco de contágio é acrescido. Um Pais bipolarizado nunca poderá ser um País desenvolvido e com qualidade de vida (que nem sempre é a mesma coisa)!
2. O futuro residirá no desenvolvimento da Região Centro
O Portugal do futuro que queremos para nós, e para os que nos sucederem, terá que ser um País assente no desenvolvimento economico, cultural e social do interior a partir das cidades medias inteligentes, a nível regional, com base nas suas características, recursos e vocações.
O estudo da FC Gulbenkian que aqui já referi, constatou que a Região Centro apresenta uma diversidade extraordinária de capacidades por explorar; Ensino, Saúde, Cultura, Turismo, Indústria, espírito empreendedor, recursos endógenos, natureza, ligações transfronteiriças. Será no desenvolvimento equilibrado desta Região, nos próximos 10 anos, que residirá o futuro do País. E quanto mais tarde for, pior será!
O estudo alerta, que a transformação deverá, logicamente, começar por Coimbra (tradicional Capital da Região Centro). A cidade mais populosa, situada no centro geográfico de Portugal, com uma “inteligenzia” que lhe confere capacidades de liderança. Uma boa imagem a nível nacional, um estatuto reconhecido e uma marca poderosa a nível internacional, são igualmente atributos fortíssimos.
3. Está na hora de assumir responsabilidades!
Tem sido por isso com muito agrado, e incondicional apoio, que tenho visto os principais partidos políticos e um vasto grupo de empresários conceituados da cidade e da Região a defenderem a constituição duma Região Metropolitana de Coimbra. Um leão adormecido, finalmente a mostrar as suas garras!
Recorde-se que a criação das Áreas metropolitanas em Portugal, nos Anos 70, tinha previsto três (Norte, Sul e Centro). Por qualquer razão, talvez a falta de querer e poder politico sempre decisivos nestas coisas, a Área Centro ficou no papel, até hoje! Um erro brutal como estamos a ver. É altura de corrigir o passo e ajudar a resolver a grave crise que o País atravessa!
A CIM-Região de Coimbra é a maior das Regiões Intermunicipais de Portugal. Apesar de ter apenas 5% da população nacional ( 19 concelhos, 460 mil habitantes), tem população suficiente para, por si só, constituir uma Região Metropolitana. Será, por isso, uma excelente base de partida, de acordo com o notável trabalho que tem vindo a desenvolver, para a constituição de uma Área Metropolitana de Coimbra com os resultados que se pretendem para a Região e para o País.
Mais uma vez, como varias vezes o fez ao longo da Historia, Coimbra e a sua Região estão na hora de assumir responsabilidades!