Sim devemos continuar com os apoios sociais num cenário pandémico que se alongará por bastante tempo. Há certamente unanimidade neste âmbito. Contudo, não chega só apoiar economicamente através de rendimento mínimo, alojamento e outros benefícios. Precisamos de integrar as pessoas, criar mecanismos de ocupação e até voluntariado que permitam elevar a dignidade das pessoas. Pior do que passar por privações é o estigma e humilhação quotidiana de quem está desempregado e não tem ocupação, sentindo-se inútil.
Devemos ainda promover um combate à fraude. Melhorar o sistema, criar mecanismos robustos de distribuição dos apoios sociais por quem efetivamente precisa, controlar e monitorizar mais. Essa faceta do apoio económico leva a uma maior consciência do beneficiário do estado social. E a fraude impede um bom apoio social, como diz um amigo meu.
O bom apoio social na fase pandémica depende ainda da identificação de necessidades específicas. Tanto do lado de quem necessita como de quem pode dar mais apoio. E devemos repensar todos nós se não devemos dar mais do nosso tempo à comunidade, ajudando quem mais necessita. O papel das autoridades locais será também esse, orientar a sociedade, organizando-a no apoio a prestar.
Uma nota final para a necessidade de apoiar refugidos que chegam à Europa. Há milhares de seres humanos sem casa, e nós na Figueira (edifícios do Exército, abandonadas nas Abadias) temos alojamento para oferecer e precisamos de mais população. De que estamos à espera para declarar o nosso apoio aos refugiados de Moria? Esse combate civilizacional está por fazer, dar a mão a quem mais precisa, gente que foge de guerras, pobreza extrema, alterações climáticas que secam a terra e levam as pessoas a procurar um futuro melhor no hemisfério norte.
Somente juntos conseguiremos manter os povos unidos e o planeta habitável, como diz repetidamente António Guterres, Secretário-geral da ONU.