Opinião: 14 de Setembro 17h na Praça da Canção – Manifestação pelo SNS

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Podíamos apresentar um conjunto de dados pela negativa, gritar alto contra a redução das funções e da missão do Hospital Geral, e podíamos zurzir os mentores da criação desastrosa dos Centros Hospitalares.

Podíamos falar dos resultados que sentimos e não se publicam por vergonha, embora, a ausência de registos, ausência de publicação de números explícitos em muitas áreas assistenciais (pernas amputadas, doentes saídos com escaras, rácios entre doentes e funcionários, mortalidade e morbilidade, morte por infecção hospitalar, etc), o martelar de informação, o propositado silenciamento e apagamento de maus índices, tenha feito convir aos que desenharam a estratégia um conjunto de pausas e silêncios para justificar a falha de talento no tocar da partitura. Hoje temos pelo Decreto-Lei n.º 30/2011, de 2 de março o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E. (adiante designado por CHUC), em resultado da fusão e concomitante extinção dos Hospitais da Universidade de Coimbra, E.P.E., do Centro Hospitalar de Coimbra, E.P.E. e do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra. O Dr. Manuel António deu um murro na mesa e o IPO salvou-se da catástrofe.

A “soma por extinção” dos anteriores, tem mais funcionários do que tinham todos em separado, tem menos operações, tem mais lista de espera, tem menos consultas e tem uma enormidade na resposta às solicitações da medicina familiar – o famoso P1 que demora mais de 400 dias em ter resposta (há serviços com resposta a 3 anos). A dívida saltou para mais de 220 milhões de euros (em 2018 ). Maior que a da soma de todos em separado. Só porque destruíram a área Psiquiátrica com os inimputáveis, temos um deficit de 29 milhões no relatório de contas de 2018. Temos uma dívida colossal aos privados, a quem se contratou serviços, a quem se compra medicação, a quem se compram MCDTs, por incapacidade de resposta. Temos o caso da gestão farmacêutica que destruiu a organização anterior num processo mais caro, mais atrasado, mais incompetente do que na soma dos anteriores. Ultimamente já armazenam fora do CHUC. Claramente meteram o Rossio na Betesga. Agora queriam insuflar a estrutura com mais obesidade – as maternidades e se calha a psiquiatria toda, e talvez mesmo uma urgência única na cidade. A consequência da teimosia e da incompetência vai estar agora como gatilho da instabilidade. As filas de espera geram incomodidade, o desconforto produz revolta.

Estes resultados podem ser a prova do fracasso, mas também revelam a desqualificação dos protagonistas. Meia dúzia de incapazes, podem conduzir o exército à tragédia, mas se fossem exemplos e gente especial, tínhamos hoje que lutar num nível superior: o de bramir alternativas, gladiar ideias e conceitos, batendo-nos por um futuro de qualidade. Para já, e aguardando a estratégia dos novos protagonistas, temos de lutar por uma memória e um futuro diferente do que temos vivido nos últimos sete anos. A Correia de Campos que pariu esta monstruosidade como filhos de leitão – pelo país fora numa ninhada imensa, ao Professor Regateiro que sonhou e executou esta infâmia, ao Dr Martins Nunes que com talento deu migalhas aos famintos dos covões que se babaram com pequenos cargos e nos abandonaram à infâmia.

 

Diogo Cabrita escreve ao sábado, semanalmente

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