Opinião – Mais transparência, por favor

Posted by
Spread the love

Estamos praticamente a meio ano da pandemia! Estamos na altura de perguntar ao tempo pela instabilidade e desassossego, pelo estado sanitário e económico do país. Estamos na altura de recordar o Padre António Vieira quando afirma “nós somos o que fazemos”.
Houve quem já iniciou as férias partindo à procura de descanso e sobretudo de mudança. As mentes estão cansadas de tantos desafios e de outros tantos que virão a caminho. Mas são milhares as pessoas que sobrevivem em dias infindáveis da tal instabilidade e desassossego sem sequer conhecerem a palavra férias, porque o que chega ao seu encontro são as contas de luz para pagar, as rendas de casa que já não esperam, a alimentação diária que começa a escassear para eles e para os filhos. É preciso ter a noção que este tempo voltou a trazer para o nosso dia-a-dia a palavra FOME para um sector, cada vez maior, de gente que tem vergonha de o dizer. Falar em férias para esta população é um desafio inconsciente de quem não sentiu ainda (ou não quer ver) a crise pandémica que invadiu e continua a invadir o mundo.
E para viver com alguma confiança é preciso que os nossos governantes não continuem a viver com o copo meio-cheio ou meio-vazio, conforme as conveniências da denominação e ajustamento: Se sanitariamente as coisas correm mal, esvazia-se o copo para que não deite por fora. Se melhoram, enche-se o copo um pouco mais! Sempre a conservar a linha do meio-cheio / meio-vazio. Isto são falsas verdades!…
Há optimismo excessivo para o que somos e fizemos. Se não, passemos uma muito curta ronda ao panorama actual:
Lisboa e Vale do Tejo com um número vergonhoso de novos casos praticamente todos os dias (desce num dia, sobe no outro). Não existe uma tomada de atitude correcta para uma resolução programada da situação, antes se fala em confinamento para os casos positivos, sem analisar que estes ficarão confinados em redutos onde vivem 5, 6 ou mais pessoas, que estas têm de ir trabalhar todos os dias , que todos os dias propagarão mais vírus! O que se cria nestas circunstâncias são a angústia e a falta de paciência para obedecer.
Logo a seguir, surge a quebra do turismo, sobretudo pela falta de cidadãos britânicos, o que obviamente constitui uma amêndoa encravada na garganta do sector do turismo, dos governantes e ao fim e ao cabo de todos os portugueses. Mas números são números e não vale a pena discursar mais sobre este assunto. Os governantes têm de pensar que o povo português também sabe pensar e não aceita facilmente o que não é verdade ou tem pouca viabilidade de o ser. O povo português deseja viver em estruturas definidas e com planos e regras estabelecidas para se poderem fazer cumprir.
Numa altura em que todos deveríamos estar unidos, incluindo o Governo e a Oposição, com todos os receios de nova vaga de pandemia (ou talvez antes consequências de um desconfinamento desorganizado, sem a consciencialização da situação por que estávamos a passar e, por isso, sem que tudo fosse devidamente acautelado), continuamos a viver trágicas telenovelas de guerras entre partidos, de geringonças à esquerda ou à direita, de catastróficos longínquos devaneios do Novo Banco, de hipotéticos apoios eleitorais de colagem entre Presidente da República e Governo. E, entretanto, os lares de idosos vão ficando para trás, com vítimas pouco protegidas, e os outros são mandados confinar em casas ou espaços inimagináveis num país que se pretende do “primeiro mundo”! Não podem existir milhares de pessoas a sobreviver sem ninguém fazer o esforço de tentar perceber por onde passeia o vírus … porque o que se nos oferece observar é que as Autoridades de Saúde continuam a andar atrás do vírus, chegando sempre atrasadas, em vez de tentarem saber por onde anda o vírus, para se colocarem na sua frente. Pelo menos, é o que vemos com os testes… que só são feitos após o surto começar!…
Portugal necessita de mais transparência quando usa o dinheiro dos contribuintes. Mas vendem-se 13 mil imóveis a um fundo de investidores anónimos e o Banco não sabe a quem vendeu! Agora, que já passaram mais dois ou três dias, já sabe mais qualquer coisa, mas o túnel é grande e a luz ao fundo não se vê!
Todo o populismo, de direita ou de esquerda, prejudica a forma de viver, mas em época de crise que vivemos, prejudica muito mais e vitimiza a democracia.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.