De que modo a pandemia afetou as suas férias?
A massificação do conceito de férias é algo bastante recente na história da humanidade. O direito ao descanso foi uma das múltiplas reformas que os partidos trabalhistas e sociais democratas foram implementando na Europa por forma a garantir uma classe operária saudável e produtiva no decorrer de todo o ano de trabalho.
Inicialmente, a deslocação para outras “paragens” era exclusiva das classes privilegiadas. Na verdade, era vista como fundamental para um estilo de vida saudável sair dos grandes centros urbanos para repousar em termas ou em praias de água salgada, na esperança de “limpar” as maleitas do quotidiano citadino.
Mais tarde, com o avançar dos cuidados de saúde e, paralelamente, com o progresso do poder de compra das classes médias e com a democratização dos meios de transportes as férias transformaram -se num período de tempo livre em que as opções eram múltiplas. Podíamos aproveitar para conhecer outras culturas, descansar numa estância balnear ou até mesmo usufruir da natureza em lugares pouco explorados. Foi neste mesmo período que a nossa cidade se tornou uma referência nacional, em termos balneares.
É importante referir que hoje o conceito de férias é exclusivo aos trabalhadores com contrato de trabalho e com uma remuneração que permita fazer algum tipo de poupança. Contudo, é preocupante perceber que o trabalho temporário começa a ser o garante de rendimento de cada vez mais portugueses- um claro revés de muitas conquistas laborais.
Em 2020, todos os avanços que fizemos para massificar o turismo levaram-nos a recuar. O facto de estarmos numa crise de saúde pública sem precedentes, uma crise económica que trouxe inúmeros despedimentos e o receio de nos deslocarmos para paragens onde o Covid-19 não está controlado, levou a que, regra geral, os portugueses alterassem drasticamente os seus planos. Tal como muitos portugueses, eu vou ficar no meu concelho- não só pelo que escrevi anteriormente, mas essencialmente, porque na Figueira tenho tudo para um período de descanso de qualidade.
Pode ler a opinião de David Monteiro na edição impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS