Opinião – Com Paixão te tramaram

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Os Hospitais Senhor do Bonfim (HSB) com 549 camas foram construídos por Manuel Agonia, e abertos em 2014 com a presença de Pedro Passos Coelho então Primeiro-ministro na Quinta do Muro Branco, Freguesia de Touguinhó, na cidade de Vila do Conde. Situam-se numa região muito povoada e mal servida de unidades de saúde do Estado por envelhecimento (Vila do Conde, Póvoa do Varzim) e por descontinuação da aposta (Hospital Pedro Hispano). Manuel Agonia quis fazer uma homenagem a sua mãe e fez o HSB com os lucros da venda em 2006, do seu projecto Clipóvoa (de facto empresa Hospor – Hospitais Portugueses) ao Espírito Santo Saúde (mais tarde estes aos chineses da Fosun e depois nomeado Luz Saúde). Ganhou 148 milhões de euros, e depois investe, sem que ninguém lhe pergunte ou mostre interesse, cem milhões na construção dos HSB. Em Novembro de 2018 a Trofa Saúde de António Vila Nova deita a mão à Agonia do Manuel e talvez tenha salvado a unidade e conservado dezenas de postos de trabalho. A dívida já estava em 22 milhões e o valor do edifício e suas intervenções subia aos duzentos milhões.
O Hospital Senhor do Bonfim converteu-se em 2016 num mono sem facturação suficiente. Agonia acusava o Estado de não lhe dar apoio, de não lhe dar convénios ou acordos. No seu estilo grosseiro e arrogante, de empresário que não escuta, mas se tem em grande conta (ver entrevista dele disponível no Google em 11/12/2014 ao Praça do Almada) acabou por dar com os burros na água e encontrar um problema – ninguém é obrigado a comprar os sonhos dos outros. Manuel em Agonia vendeu o HSB em Novembro de 2018 a Vila Nova que lhe deu o nome de Trofa Saúde. Com esta aquisição, o grupo Trofa Saúde passa a ter 11 unidades de saúde em Portugal, preparando a abertura de mais quatro no próximo ano.
Vem isto a propósito de Jaime Ramos, de Miranda do Corvo e do sonho do Hospital. A Paixão de Jaime é 10% do HSB de Agonia se quisermos observar a escala. O problema é que não se aprende com a história e Jaime Ramos avança com um sonho bem-intencionado perto de outro que foi um estouro e uma ruína.
“As Obras do Dr. Bacalhau”. O Prof. Dr. José Bacalhau ( 1895-1972 ), professor da Universidade de Coimbra “teimou construir uma unidade hoteleira de luxo no desertificado interior, dinamizando dessa forma o turismo na sua terra. Projeto iniciado nos finais dos anos 50 no Monte Calvário onde veio a encontrar oposição local acabou por decidir construir no sítio do Penedo Gordo, na Serra de Santa Maria no Espinhal” “Não deixa de ser interessante a extraordinária vontade que teve em adquirir pedras aprumadas de cantaria, colunas, fonte e outras, oriunda de várias demolições, entre as quais do Hotel Avis, onde Calouste Gulbenkian viveu em Lisboa. … O grande plano turístico no interior veio a merecer uma singela inauguração no dia 23 de Maio de 1968, numa Quinta Feira da Ascensão com uma reunião de Confrarias da região, presidida pelo Bispo – Conde de Coimbra, tendo sido um sucesso social”. In https://quintaisisa.blogspot.com/2016/01/as-obras-do-dr-bacalhau-no-espinhal.html que vale a pena ler e reler.
Jaime Ramos não é António Gouveia, o administrador das Residências Montepio que pegou na massa insolvente da Casa de Saúde de Sto António em Albergaria-a-Velha e fez umas “Residências Montepio” a que a ARS Centro já deram a mão em Abril de 2020. Muita velocidade em apoiar o Montepio que é gerido por muitos membros do PS. Em 2018 este projecto perdeu o apoio da Rede RNCCI e ficou com seis e meio milhões de prejuízo que se liquidaram no tribunal da Anadia e agora estão a ser apoiados pelo dinheiro de todos nós. Porque apoia este projecto a ARS e não a Compaixão de Jaime Ramos? A coerência não é a chuva dos políticos de Coimbra. Jaime Ramos e a sua Fundação ADFP já em 2006 propunham lançar a construção de um hospital no Pinhal Interior. João Semedo do Bloco em 2008 piscou o olho à ideia e depois em 2010 entre um Óscar Gaspar secretário de Estado da Saúde que fala no tema e um Dr João Pedro Pimentel a presidir à ARS Centro cria-se o equívoco com o ofício 17794 ( 12/05/2012 ). Em 2013 o ofício 36552 de13/11 aparentemente aprova o projecto. Mas o facto é que o sonho já construído está vazio, a ganhar pó, e a fazer o caminho das obras do Professor Bacalhau. Repito – Jaime Ramos, como o Manuel Agonia – lança-se de peito feito e depois bate na parede. Jaime Ramos como José Bacalhau descobre as vicissitudes da politiquice. Victor Batista escreveu umas coisas nas Beiras a dar apoio ao amigo. Eu escrevo curioso do destino desta loucura. Jaime Ramos está a ser tratado como José Chambino (que perdeu a Casa de Saúde de Albergaria) e não o merece, mas devia ser tratado como o António Gouveia. Também podia, se tivesse arcabouço financeiro, fazer um projecto inteiro, moderno, inovador, com destinos não dependentes da ARS. O dinheiro é um assunto muito complexo meus amigos!

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