‘‘Deus quer, o homem sonha, a obra nasce’ (Fernando Pessoa, O infante, in Mensagem). Mas hoje isto não basta. Não basta que as obras nasçam, nem que os homens sonhem, nem que Deus queira. É preciso mais do que isso, muito mais.

O ritmo de vida, as expetativas, o nível de especialização, a necessidade e a qualidade da comunicação, as exigências alocadas à tomada de decisão… criam desafios novos e modelos mais sofisticados de gestão dos processos. Processos onde o macro e o micro se dizem de outro modo e os pormenores fazem toda a diferença.

O que interessa não é só fazer! O tempo da quantidade está a esgotar-se! O critério do mais barato está a perder força! É preciso mais do que isso.

A vida é muito mais do que números e muitos números não passam de uma cosmética estatística ao serviço de interesses pessoais e institucionais.

Precisamos de plantadores de ‘naus a haver’, plantadores de futuro. Precisamos de plantadores de esperança. Esperança concreta e real.

Precisamos de homens e mulheres que plantem árvores… mesmo que não cheguem a usufruir da sua sombra. Na verdade, grande parte das sombras que temos hoje foram plantadas por quem já não está entre nós.

Mas as árvores não são todas iguais e nem todas dão a mesma sombra. Por isso, em cada tempo, as decisões tomadas podem condicionar muitas gerações. O que se faz, o modo como se faz e, sobretudo, o que não se faz… marca o presente e condiciona o futuro.

Precisamos de fazer com qualidade, precisamos de arriscar outros caminhos e novas soluções. Precisamos ver para além da folha de excel e de superar a tirania dos números.

Este é um desafio para todos. Um desafio para a Igreja e para as múltiplas instituições da sociedade civil. Há vidas e cidades com futuro… outras nem por isso!

Claro que é preciso ter contas ‘certas’ e projetos sustentáveis, claro que precisamos de transparência e verdade… Mas não basta isso. Não podemos pensar apenas para hoje, para votos, para ficarmos bem na fotografia, para a imagem.

Há muitos pormenores que fazem a diferença hoje e que podem marcar as atitudes do amanhã.

O modo como cuidamos dos nossos jardins e das nossas ruas, como cuidamos da casa comum, como nos cumprimentamos, como organizamos os serviços centrados nas pessoas… faz diferença!

Há pessoas que conseguem ser mais do que competentes… há pessoas com capacidade de acolhimento e serviço, de visão e estratégia, de diálogo e recomeço, de leveza e poesia…

Para os incompetentes… nem uma palavra!