Opinião – Ideologia de género

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Deixem-me que vos diga que admiro a diversidade da natureza, a capacidade que ela tem de fazer diferenças, de as realçar e o verdadeiro milagre que isso representa. Se me pedissem para apontar uma característica da natureza que poderia ser obra de uma entidade sobrenatural, eu não apontaria o homem, ou a mulher, ou qualquer animal, ou planta, nem os processos físicos, químicos e biológicos que a suportam, nem a vida, como elemento verdadeiramente diferenciador, mas sim, a enorme diversidade que a natureza apresenta. Uma diversidade que está sempre a ser atualizada, a evoluir e a responder ao dia-a-dia de todos nós. Por isso, quando queremos ensinar aos mais novos os valores da tolerância, do respeito e consideração pela diferença, devemos mostrar-lhes a diversidade da natureza em que vivemos. Essa diversidade é de tal forma gigantesca, as formas de vida são tão diferentes e maravilhosas, que a cor da pele, as opções de vida de cada um, o género, etc., são somente pormenores insignificantes. Dar-lhes valor, fazendo construções ideológicas ou religiosas, é um comportamento muito pouco informado e totalmente antinatural: na verdade, a natureza tende para a diferença e tem na sua diversidade o seu maior sucesso.
Vem isto a propósito de um texto que li na semana passada, escrito por J.K. Rowling (autora dos livros do Harry Potter), sobre sexo e questões de género. Aparentemente, ela terá apoiado uma mulher (Maya Forstater) que foi despedida do seu emprego por ter feito declarações relativamente a transsexuais. Maya afirmou, depois de queixas do seu cliente G. Murray – uma pessoa que se identificava como não-binário e exigia que Maya não o tratasse por “ele” -, que “as pessoas do sexo masculino não são mulheres” e que “… na realidade Murray é um homem. Ele tem o direito a acreditar que não é um homem, mas não pode obrigar os outros a acreditar no mesmo (…) embora possa optar por usar pronomes alternativos como cortesia, ninguém tem o direito a obrigar outros a fazer afirmações em que não acreditam”. Ao suportar Maya, fazendo um tweet em que afirmava “Dress however you please. Call yourself whatever you like. Sleep with any consenting adult who’ll have you. Live your best life in peace and security. But force women out of their jobs for stating that sex is real?”, Rowling pretendia alertar para enorme confusão que estas ideologias, como no passado as religiões, estão a fazer com a diversidade. Os ativistas, radicais e disciplinadores da opinião alheia, entraram em cena e tentaram reduzir a pó a vida de uma mulher com uma história de abuso, equilibrada, com vida, humana e de bom-senso. Rowling foi violentamente insultada nas redes sociais, especialmente no Twitter, e apelidada de TERF (Trans-Exclusionary Radical Feminist). E a coisa chegou a tal ponto, que uma escola de Sussex retirou o nome dela de um dos edifícios (para não se associar a polémicas – vivemos numa espécie de fascismo de pensamento único), atores que participaram nos filmes do Harry Potter vieram a público fazer defesa dos que aparentemente ela teria atacado. Vivemos em tempos de parece-bem-parece-mal e o melhor é alinhar no “main-stream”.
Fui ver um projeto que foi sugerido pelo ator que fez de Potter, o projeto TREVOR, que diz representar todos aqueles que não se identificam com os géneros “tradicionais”. Esse projeto diz que identificou mais de 100 orientações sexuais e mais de 100 identidades de género. Ao ponto de sugerir, para não “ofender” quem não se identifica com um certo género, dos mais de 100 existentes, um guia de boas práticas que inclui a alteração dos pronomes para: She, her, her, hers, and herself; He, him, his, his, and himself; They, them, their, theirs, and themself; Ze/zie, hir, hir, hirs, and hirself; Xe, xem, xyr, xyrs, and xemself; Ve, ver, vis, vis, and verself. Portanto, aqueles políticos que pensam que são muito modernos e começam os discursos a dizer “Boa tarde/bom dia/boa noite a todos e a todas…” estão feitos, pois estão a insultar pelo menos 98 identidades de género diferentes. Mas alguém de bom-senso, culto, informado, gentil, respeitador dos outros, aceita que a gigantesca diversidade da natureza tenha um pronome, ou uma identidade de género, para cada diferença? Não é isso de motivo de discriminação? Somos todos humanos, com milhares de diferenças e de vivências, sendo absolutamente irrealista a necessidade de afirmar essas diferenças, mas antes aquilo que nos une. Depois, percebi que LGBTQ+ é algo que significa Lésbicas, Gays, Bixessuais, Trans, Queers e mais. Como? Que raio é um “queer” – achava que era “excêntrico”, do inglês, mas não. Quer dizer: “… pessoas que, seja por sexo biológico, orientação sexual, orientação romântica, identidade de género ou expressão de género, não correspondem a um padrão heteronormativo. O termo é usado para representar homossexuais, polissexuais, assexuais e, frequentemente, também as pessoas transgénero, ou seja, todos os que não se identificam como heterossexuais ou cisgénero, de forma análoga à sigla LGBT+”.
Perceberam? O guia do projeto Trevor, ilustrado pelo Damien Alexander, uma pessoa que se identifica como “queer”, está no link abaixo. Boa sorte na leitura. Depois de ler isso e a longa carta da JK. Rolling, fiquei mesmo preocupado (como pai). A sério, esta treta (sem ofensa) está a tomar proporções verdadeiramente inaceitáveis, tenho muito medo pelas novas gerações expostas a toda esta deriva e percebo bem as razões que levaram a J.K. Rowling a falar sobre este assunto. É preciso bom-senso e muito cuidado em envolver crianças e jovens nestas coisas. Quando estão a crescer e a aprender a diversidade em que vivem, com todos os problemas que isso acarreta, não podem ter uma data de gente a soprar-lhes estas coisas aos ouvidos, com convites para que “mudem”, como resposta às várias dúvidas que têm, pois isso é altamente confuso, deprimente e mesmo muito desorientador. O que elas devem perceber é que ser diferente é absolutamente natural, não tem nenhum problema, faz parte da nossa natureza. A frase não é minha, mas diz bem o que penso: “Sometimes the point isn’t to make people believe a lie—it’s to make people fear the liar”.
Texto de J.K. Rowling: https://bit.ly/2XYyvwb
Guia do Projeto Trevor: https://bit.ly/3hrtJio

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