Opinião – Idade não perdoa?!

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Há dias um desses jornalistas que gosta de questionar tudo o que contesta os donos do Capital, queria censurar um Secretário-Geral de um Partido de estar numa Manifestação de Trabalhadores a apoiá-los. Mas isso era o que todos esperavam.
Caiu naquilo que a Organização Mundial da Saúde define como “Ageism” pois é um estereótipo, um preconceito e, fundamentalmente, uma discriminação contra pessoas com base na sua idade. Claro que o tal jornalista não tinha lido nada sobre a idade dos gestores das grandes empresas, onde se encontram alguns nonagenários, sendo Bill Gates com os seus 64 anos um jovem quase “imberbe”. Mas, sabemos que isso não o impedia de querer barrar o protesto dos mais velhos.
Continuava só a fazer o que há duzentos fazia um Deputado Constituinte: “também me parece que o Congresso deve ter atenção com a moléstia deste Sr. deputado, e mais com a sua longa idade, que ainda é moléstia maior.
O Sr. Camelo Fortes: – Fez uma viagem a Coimbra, e parece que se achou pior: eu esperava pelo correio seguinte que ele pedisse a sua demissão, e por isso julgo que o parecer da Comissão não pode aprovar-se.” 1 .
Na verdade, esta pandemia tornou-se um obstáculo à presença cívica dos mais velhos, assumindo-se alguns dos ligeiramente mais novos em seus protetores excessivos. Mas só correm os perigos de vida, que decorrem da má cabeça dos que comandam o mundo pois confundem os seus desejos de lucros com que é natural dada a Natureza.
A pandemia veio demonstrar como alguns países ditos desenvolvidos são muito vulneráveis, é só porque investem bem pouco na Saúde. Fazem-no para transferir “lucros desmesurados” para uma banca que, com as suas crises, retira da Economia os recursos necessários ao desenvolvimento económico e social coletivo.
Agora os que pensam no ressurgimento intacto deste capitalismo, escondendo que foi refutado em termos práticos pelo reerguer de fronteiras para parar a pandemia global, tentam justificar “espertezas saloias” dos que se aproveitaram das medidas financeiras organizadas sem grande saber por “Governos à Deriva”, impreparados que estão para impedir a quebra das economias tal como as tinham visto anteriormente a funcionar.
Houve ainda outros que se organizaram antecipadamente para impedir que a pandemia bloqueasse a economia tal como a vivíamos. Mas, as muitas mortes que foram ocorrendo levaram-nos a arrepiar caminho, exibindo ainda argumentos que nem lembravam ao Diabo, passando as culpas para um longínquo inimigo, demitindo sempre os seus conselheiros quando não dissessem o Ámen que queriam.
Estamos assim perante a necessária emergência de um novo mundo que será sempre diferente do calamitoso velho mundo.
Assim o queiramos para podermos sobreviver.
E vivam nele muito tempo as crianças, cujo dia hoje comemoramos.

1 Diário das Cortes Gerais e Extraordinárias
da Corte Portuguesa, 7 de Outubro de 1822, p. 710, coluna 1.

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