Se fosse político, estaria a preparar as eleições autárquicas de 2021, visando mudar o rumo de Coimbra, uma das terras que mais tem perdido fulgor, quando comparada com outras similares, em termos de território e população. Como nunca o quis ser, começo por evocar dados das eleições de 2017, em que dos 127.834 inscritos nos cadernos eleitorais, votaram 68.330 pessoas, logo, 53,45%. E que a Câmara Municipal foi ganha pelos que obtiveram 24.232 votos, pelo que foram eleitos por 18,95% do povo. Pouco, mas tem dado para governar. Bem ou mal, depende mais da perceção individual que da realidade factual. E que mais posso dizer sobre tais eleições?
Apenas o óbvio! Que menos de um em cada cinco dos eleitores possíveis, reelegeu quem tudo tem prometido, o que não quer dizer que tenha cumprido. Que Coimbra é pouco participativa civicamente, e muito pouco crítica relativamente a quem a governa! Que uma urbe que fica “entupida” com tão pouco tráfego na Casa do Sal – um pavor de solução rodoviária -, e numa rotunda sem sentido, e sem semáforos, que há do outro lado do rio, devia exigir soluções para estes e outros problemas, como a limpeza e higiene urbana, que deixam tanto a desejar que quem circula no burgo nem sabe quem deve culpar. Juntas de Freguesia?
Ou caberá à Câmara mandar limpar passeios, arruamentos e bermas de estradas? E quem é responsável por não serem lavadas com auto tanques e agulhetas? E por haver sarjetas entulhadas, e outras serem ninhos de roedores, e fontes de maus odores? Câmara? Juntas? Quem votou? Quem não votou?
E numa terra em que quem vai em automóvel ao Hospital (dito assim, parece que só há um!), por não ter onde estacionar devidamente, se sujeita a (in) devido auto de transgressão, e em que todos assistimos ao esvaziamento do Hospital dos Covões e à vontade de alguns em fecharem velhas maternidades, para colocar uma nova no sobrelotado espaço daquele Hospital, onde terá de caber o que for necessário, para poupar uns cêntimos ao erário, em detrimento da facilidade de acesso e atendimento do povo (a propósito, saberão alguns altos responsáveis o que significa povo, serviço público, e SNS?), o que tem feito a Câmara, para ajudar a resolver tais problemas? E, para não melindrar alguém, nem refiro outras falhas duma cidade cada vez menos importante.
Continuo sem saber se foi por miopia política ou por falta de ambição coletiva que Coimbra tem vindo a insistir em entregar o poder autárquico a quem, pouco a pouco, a vem condenando a ir definhando. Mas sei que se fosse político e me quisesse candidatar às próximas eleições autárquicas, em tempo de pandemia ouviria Coimbra especialmente por meios eletrónicos, para melhor a servir.
E que acordaria com políticos de outros partidos e movimentos o que fazer para vencermos tais eleições e implementarmos serviços autárquicos exemplares, essenciais para as nossas autarquias serem aceleradores do desenvolvimento, e não travões às iniciativas privadas.