Opinião – Nada de novo… Apenas as cenas habituais…

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O diabo, foi haver demasiado tempo livre, sem nada de novo para o preencher! De outro modo, ninguém teria resistido a um tão inusitado pedido de desculpas do primeiro-ministro (PM) sobre uma falha de comunicação do seu ministro das Finanças, quanto à transferência de 850 milhões de euros para o Novo Banco. Hoje, já todos julgamos saber que o contrato de compra e venda da parte boa do ex-BES, celebrado por ordem daquele PM, entre o Estado Português e a Lone Star, estabelecerá que, até 2023, o Fundo de Resolução, que inclui o Estado, poderá ter de injetar até 3,89 mil milhões de euros de capital contingente, para superar perdas nos ativos daquele banco.
E se o país inteiro o julga saber, de certeza o sabia os que têm apoiado politicamente o governo daquele PM, pelo que, a pergunta da líder do Bloco de Esquerda, e a resposta e posterior pedido de desculpas do PM, poderão ter sido encenações. E não sendo Governo e Bloco politicamente incompetentes, há uma dúvida legítima: Não estaremos a assistir a mais uma das habituais cenas matreiras, de que andamos todos tão fartos, que descremos dos políticos, e abjuramos a política?
É que nesta época, em que a pasmaceira política é ainda maior do que é habitual, e em que só se analisam Covid-19, cuidados intensivos, confinamentos, e similares, a saga da tão evidente falta de sintonia entre o PM, e aquele ministro, é uma bênção para quem tem de dar ao povo, algo de novo. Razão pela qual lhe peço que siga comigo, um tão crível como incrível argumento teatral:
A ação começará com um contestado ministro do Eurogrupo, a querer mudar de casa. Ocupada que está a do FMI, o guião indica a do Banco de Portugal, cujo Governador “nunca” depende do poder político. Haverá maior prova de independência do que um ministro luso honrar o contrato com um fundo americano de pensões, em vez de seguir as orientações do seu primeiro-ministro?
O papel secundário cabe, como sempre, à atriz do Bloco. Já dos usuais devaneios e nevoeiros do PSD, nada surgirá. Outros figurantes terão deixas e falas, mas ações, nada! E nem entra em cena outro governo, porque o atual aguarda brutal injeção ´daquilo´ com que calará quem mais gritar com esta crise! E só quando balúrdios de euros já nem derem para manter um muito fugaz ar de prosperidade, é que entrará em cena um outro ministro das Finanças. E mais para o final deste drama, quando tudo piorar, ao ponto de haver um novo pantanal, e for absolutamente impossível negar a austeridade que há muito tempo atingiu quem perdeu parcos haveres, nem assim os atos seguintes serão de outro governo, mas de outra, e ainda mais relevante, remodelação ministerial!
É que a trama desta ação refere que, como o ator principal ganhará futuras eleições legislativas, não entra nos últimos atos, exceto se algo correr pessimamente. Aí, voltará para a ribalta! É que este artista, no primeiro ato, teve arte e engenho para vender o Banco sem se chamuscar com os meandros de um negócio que terminaria com a carreira de qualquer outro, mas não de quem, como ninguém, alia astúcia oriental a desenrascanço ocidental. Um vero génio cénico e político!
Já o final deste enredo irá pôr os cabelos em pé a quem não apreciar o eloquente ator que, desde 2015, leva de vencida um anunciado diabo, sempre com um sorriso nos lábios! O que resistiu às tragédias florestais de 2017, que custaram a vida a mais de cem pessoas, por incúria de quem geria então o território nacional, que não dele! O tal que, depois disso, e apesar dos demasiados compadrios entre muitos dos seus governantes e familiares, foi por um triz que não teve maioria absoluta, em 2019… Aquele que, em 13 de maio de 2020, estendeu o manto presidencial a quem retribuiu, tirando o tapete ao “Super Mário”. Exato! O mesmo que governará, a partir de 2023, preparando as presidenciais de 2026. Não gosta deste epílogo? Olhe, se o Covid-19 não for mais sagaz que Labão, António terá mais êxito que Jacob, que nem ao fim de sete anos, teve Raquel…

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