Opinião – Desemprego e apoios (1)

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Eugénio Rosa

Numa altura em que se verifica uma quebra dramática na atividade económica, e em que a retoma da economia está-se a revelar difícil, devido à ação conjugada de dois fatores – risco de saúde pública que ainda persiste e medo que se instalou na sociedade – interessa analisar com objetividade outra “pandemia” a nível do país, não menos mortífera do que o COVID 19, que é o alastrar do desemprego e das suas consequências (miséria, fome, desigualdades, agravamento da saúde da população, aumento de mortes, etc.). Lembrar a situação dramática daqueles que perderam ou vão perder o emprego nunca é demais, perante o silêncio dos media e do governo.

1. O crescimento rápido do desemprego registado nos Centros de Emprego – que é apenas uma parte do desemprego
Muitas vezes, a nível da comunicação social e da opinião publica, confunde-se o desemprego registado nos Centro de Emprego com o desemprego total existente no país. No entanto, o desemprego registado, que todos os meses o Instituto de Emprego e Formação Profissional divulga, corresponde apenas a uma parcela dos desempregados existentes no nosso país. Ele apenas se refere aos desempregados que se inscreveram nos Centros de Emprego, e muitos desempregados não se inscrevem nomeadamente quando não têm direito ao subsídio de desemprego. Mas mesmo o desemprego registado, ou seja, essa parcela dos desempregados, registou um aumento significativo nos últimos dois meses como revelam os dados do Ministério do Trabalho, Solidariedade e da Segurança Social que constam do gráfico 1

Em dois meses apenas ( 15/3/2020 a 20/5/2020 ) o desemprego registado aumentou 31,5%, ou seja, em 94.046. Um crescimento enorme até porque existem muitos desempregados que não se inscreveram nos Centros de Emprego. Durante o mesmo período de tempo, o número de pedidos de subsídios de desemprego disparou como revela o gráfico 2, também construído com dados divulgados pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança. Social.

Entre 15/3/2020 e 20/5/2020, o total acumulado de pedidos de emprego aumentou em 814,8%, ou seja, nove vezes mais: passou de 13.482 para 123.334, ou seja, +109.855. E isto apenas em 2 meses. É um indicador da destruição maciça de emprego que se está a verificar, lançando milhares e milhares de trabalhadores no desemprego, deixando-os sem trabalho que é a sua única fonte de rendimentos para viver (eles e suas famílias). E nos números anteriores ainda não estão incluídos 1.325.635 trabalhadores inscritos para “lay-off”, em que mais de meio milhão o governo prevê não aprovar como mostramos no nosso estudo anterior.

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