A cidade necessita de um teatro municipal de média dimensão?
Algumas dos meus colegas cronistas têm tendência para dizer que “sim” a toda e qualquer construção de nova infraestrutura. Contudo, o paraíso económico, a prosperidade ilimitada, recursos infinitos, o Estado que investe sem “rei nem roque” é obviamente uma falácia.
Não existe tal possibilidade orçamental, não podemos ter tudo, piscina municipal, piscina de marés, museu do mar, teatro municipal, etc. Isto num país altamente endividado e num concelho ainda a pagar as dívidas contraídas no final dos anos 90, início deste século.
Portanto, dizer que “sim a tudo” é querer ficar bem na fotografia, “enganando” os leitores quanto à viabilidade a curto prazo de tanto investimento em infraestruturas. Um Teatro Municipal na Figueira da Foz? Não faz muito sentido, temos o CAE, dezenas de coletividades e alguns espaços municipais onde é possível fazer teatro.
O “Teatro Municipal” já existe, situa-se onde há grupos a representar. Uma parte fica no Sítio das Artes, onde o Pateo das Galinhas dinamizou nos últimos anos dezenas de peças e milhares de horas de atividade teatral. Deve-se este fulgor à iniciativa de um grupo de pessoas que amam o teatro, com particular destaque para a “Bé” Cardoso (recentemente falecida) – uma mulher comprometida com as artes e que deu um grande impulso ao teatro amador na Figueira da Foz.
Para estes amadores não é necessário muito apoio institucional, muito menos um edifício pomposo a dizer “Teatro Municipal”. Precisam sim de um “Sítio das Artes”, polos de criação artística com capazes de criar sinergias entre pessoas, albergando diferentes grupos com interesses diversos.
Termino este artigo com uma referência oportuna ao grupo cénico da Sociedade Boa União Alhadense. Um outro bom exemplo de “Teatro Municipal”. Fazem teatro sem esperar que haja grandes apoios, dando vida aos vetustos edifícios de várias coletividades mostrando aí a sua arte.