Os recentes acontecimentos a nível mundial vieram sublinhar a importância da defesa de cada um e, também, de todos através da manutenção de uma saúde pública, obrigando a normas obrigatórias para todos para que todos possam sobreviver.
Também por isso houve que certificar desde sempre a qualidade do saber médico através de exames por gente qualificada, tal como aconteceu em 1822, quando se determinou que: “7.º Os exames de medicina prática, e de cirurgia serão feitos unicamente nos hospitais de Lisboa, de Coimbra, e do Porto: os examinadores em Coimbra serão os docentes de medicina e cirurgia da universidade; em Lisboa, os professores de cirurgia no hospital de S. José; no Porto, os cirurgiões do hospital que nomear o inspetor da saúde daquela comarca”. ( 1 )
Também agora devemos rever os nossos conhecimentos sobre saúde pública para que tudo seja melhorado e se possível a partir de ontem pois anteontem já era tarde. Aqui os mecanismos práticos da quarentena, entendidos como modo de adaptar os recursos disponíveis dos Serviços Nacionais de Saúde, provaram ser apenas o último recurso de todos quando quase tudo falha na organização social de salvaguarda da saúde pública.
Sabemos agora que a fatalidade tanto atinge os anónimos como os poderosos que ocupam lugares de mando, mostrando todos como seres vulneráveis, mesmo que pouco antes os poderosos tenham afirmado algumas teorias falsas como soluções para um mundo feito à sua maneira. Recordam-no as notícias das suas doenças que mostra como a arrogância e a prepotência, mesmo que permitida pela força do dinheiro, acaba antes de qualquer limite temporal que antes tenham marcado.
Entretanto, para muitos, o tempo de quarentena é também o tempo de descobrirmos os livros há muito lidos e esquecidos e também o de fruirmos os prazeres do contacto solidário, usando o telefone ou a Internet, com a família e amigos sem a pressa que a vida apressada nos impõe tanto nas cidades aonde nos acotovelamos como nos campos vazios do nosso interior. E até por isso vivemos mais calmos se tivermos fé na ciência que se vai fazendo.
Entretanto, há que resolver pequenos problemas do quotidiano e, por isso, muitos entram em histeria e compram muito papel higiénico, tornando-se alvo de jocosidades bem visíveis e apesar de serem pouco audíveis.
Organizamo-nos quanto ao resto, mas alguns fogem deste quotidiano opressivo como ouvimos na rádio, vemos na TV e lemos nos jornais.
E esperamos calmos pelo fim da Pandemia, que acabará como todas as outras trazendo-nos mais Sabedoria e novas formas de vida e até novas formas de cumprimentar amigos e conhecidos. Espero.
( 1 ) Diário das Cortes Gerais e Extraordinárias da Corte Portuguesa, 25 de Outubro de 1822, p. 886, coluna 1.
Pode ler a opinião de Aires Antunes Diniz na edição em papel, 30 de março, do Diário As Beiras