Opinião – Dia 22 de março

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Nos últimos dias têm aparecido na imprensa projeções baseadas em modelos exponencias para prever os novos casos de Covid-19. A importância destas projeções, para as autoridades de saúde e outras, assume especial relevo, podendo estas antecipar as diligências a tomar e a calibrar as medidas de saúde pública. Tratando-se de uma pandemia, as projeções são ferramentas cruciais para o seu combate, quanto mais não seja nas previsões a curto prazo.
Contudo, e como disse o professor e economista Pita Barros – que recentemente veio contestar algumas projeções tornadas públicas, apresentando ao mesmo tempo um modelo com previsões menos pessimistas –, a certa altura deve existir uma curvatura que indique que o número de novos casos não está a crescer exponencialmente e até que, eventualmente, estes começam a decrescer.
Há alguns dias que tento, também eu, procurar alguma evidência dessa curvatura, utilizando modelos de contagem a partir de distribuições de Poisson ou Binomiais Negativas. Há três dias, ao incluir na estimativa um termo quadrático, este começou a dar sinais de significância estatística (ou seja, esta curvatura provavelmente existe), mas apenas nas distribuições de Poisson (Cenário O). Hoje, esse mesmo termo apareceu com uma significância ténue na outra distribuição (Cenário P).
Os termos aqui utilizados, por demasiado técnicos, podem ser melhor compreendidos observando as imagens que junto a este artigo. O sumário dos resultados e o gráfico das previsões feitas para esta segunda-feira e para os dias seguintes, ajudar-nos-ão a compreender a aplicação do modelo, comparando-as também, mas também com os dados de dias anteriores.
Assim, no cenário otimista, é visível que para esta segunda-feira se espera que ocorram cerca de 380 novos casos; e no pessimista 434 novos casos. Todavia, o mais relevante é que no cenário otimista não só se apanha um pico para os novos casos, como este tem vindo a recuar no tempo. Há dois dias, estimava-se que esse pico ocorresse no dia 10 de abril, com cerca de 2.450 novos casos; mas desde ontem o pico recuou para 3 ou 4 de abril, com cerca de 900 novos casos.
No cenário pessimista, só este domingo é que aparece um pico nas previsões de novos casos a 17 de abril (seriam 5.307 ). De qualquer forma, é uma melhoria face a sábado, em que não havia sequer previsão de pico. Ou seja, parece que as medidas tomadas há sete dias começam a ter efeitos.

Notas:
1. Isto é apenas um modelo estatístico, não um modelo epidemiológico tipo SIR.
2. As previsões são feitas para dar um contexto, usualmente falham e têm intervalos de confiança que não estão a ser reportados e são maiores à medida que nos afastamos do dia de hoje.
3. Mesmo que acertem amanhã, só continuarão a acertar se os comportamentos não se alterarem, portanto:

KEEP SAFE, BE STRONG, REMAIN AT HOME!

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