1. Será a Lisboa actual, a Capital que o País necessita?
Na Crónica anterior abordamos o oportuno texto de Leonardo Mota no “Publico”; “Descentralização: ultrapassar o impasse! O que fazer? Será que mudar a Capital do País ajudaria a reorganizar o Estado? Argumentos a favor de Coimbra”.Voltamos a ele. Porque foca aspectos muito importantes para o País com certeza, mas igualmente para Coimbra e sua Região, considerando-a parte importante da solução.
O artigo começa por colocar em equação a questão de Lisboa na situação actual. Ser ou não ser a Capital mais adequada para um País que se quer descentralizar e mudar de rumo. Deve ser a Capital mudada para outra cidade mais pequena e mais central? Ou deve Lisboa manter-se a Capital, mas sofrer algumas transformações estruturais que a beneficiem ao torna-la uma cidade mais leve, mais eficaz, mais humana? E que acima de tudo beneficiem o resto do País travando a sua desertificação ao dar-lhe um impulso económico e social que tanto necessita?
2. A transformação, negativa, de Lisboa nas últimas décadas
Caros leitores, Lisboa era há poucas décadas uma Capital bonita airosa, onde a vida era atractiva, onde as pessoas se olhavam olhos nos olhos. Que toda a gente elogiava e gostava de visitar!
De então para cá, num fenómeno que se tem vindo a agravar de ano para ano, quer como cidade quer como Capital, Lisboa ultrapassou largamente o ponto de equilíbrio. Cada vez menos se identifica com as necessidades do País global, democrático, desenvolvido, moderno e com futuro, que todos desejamos!
Infelizmente para todos nós, a começar pelos que lá vivem, tornou-se uma cidade autofágica, consumidora inesgotável dos recursos humanos e financeiros quer dos que o País cria, quer dos que são vindos da Europa comunitária (grande parte destinados ao desenvolvimento regional).
Com excesso de população (proveniente de um interior cada vez com menos gente, onde faltam empregos e condições básicas de vida), agitada, confusa, poluída, e desculpem que vos diga, viciosa sob o ponto de vista politico, económico, social e humano.
3. A resposta à questão inicial depreende-se não é verdade?
E no cerne de tudo isso, uma cidade onde os poderes políticos e económicos convivem de forma incestuosa. A corrupção cresce de dia para dia à custa de compadrios, favores, mentiras, infidelidades, traições e servilismos inconfessáveis. Basta consultar os Órgãos de Comunicação social que todos os dias nos trazem casos que nos deixam de boca aberta.
No outro lado da barricada, a massa humana anónima, trabalhadora, incansável, é um simples número, sem voz própria, à medida que vê desfeitos sonhos legítimos de evolução. Autómatos sujeitos a pressões e ritmos de vida, que muitas vezes lhe destroem a saúde, a paz, a família!
Há muito que nem uns nem outros têm “qualidade de vida”, a qualidade que todos os seres humanos aspiram para si e para os seus filhos! Uns, insaciáveis de poder, protagonismo e riquezas desmedidas. Outros, ganhando o pão de cada dia, cada vez mais precário e incerto!
Os bairros da lata, da droga, da prostituição, dos deserdados da vida, crescem de forma exponencial e cercam a cidade num anel de miséria e desumanidade que nos magoa e entristece.
Não é surpresa que Lisboa seja uma das cidades europeias ( 12º lugar) onde se consome mais cocaína segundo a OEDT ( 453mgs/1.000 habs/dia). Isto sem contar com outras drogas estimulantes ilícitas, que andam por aí à solta; anfetaminas, ecstasy, canabis e heroína.
A resposta à questão inicial depreende-se! Não, a Lisboa actual não é a Capital que o País necessita. Voltaremos na próxima Crónica.