Opinião: Seminário de Psicologia da Educação (II)

Posted by
Spread the love

Os resultados das avaliações não são definitivos. São datados. Por isso, não são úteis durante muito tempo.

A avaliação produz resultados muito próximos da realidade mas não é uma ciência exata. De acordo com o orador, avaliar é um ato pedagógico, avaliar não é psicometria, nem tabelas com cálculos matemáticos. Avaliar é pensar, avaliar não é medir. Avaliar é comunicar, avaliar não é fiscalizar, sendo que, em todo este processo, a interação social é fundamental, afirmou.

Avaliar é um processo pedagógico e não é passível de ser reduzido a uma mera técnica, nem a um processo administrativo, nem a uma questão de instrumentos.

Domingos Fernandes, que ao longo dos anos tem colaborado bastante com o Ministério da Educação, está convicto que a avaliação educacional tem que ser um meio para aprender e incluir e não um meio para segregar e excluir.

Em relação aos critérios que os professores devem aplicar no processo avaliativo dos seus alunos, esses critérios não são o currículo, nem as aprendizagens essenciais, nem o Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória. Os critérios de avaliação são interpretações inteligentes do currículo.

Os critérios de avaliação são construções sociais que expressam o que se considera ser importante analisar (avaliar) nos processos de aprendizagem, sendo de natureza pedagógica e não de natureza administrativa.

De acordo com Domingos Fernandes, os critérios de avaliação utilizados pelos docentes, deverão ser simples e em número reduzido mas sempre úteis para o aluno e para o professor. Os critérios têm de integrar e não atomizar o conhecimento, as capacidades e as dimensões sociais e afetivas previstas no currículo.

O orador defendeu uma reinvenção das práticas dos docentes, agora mais focadas nas aprendizagens e nos estudantes, sendo que a relevância deve ser dada ao trabalho autónomo dos alunos. Não se avalia para classificar, avalia-se para aprender. A classificação não pode nem deve ser o foco principal das aprendizagens.

A avaliação é um processo pedagógico, não é uma medida nem uma técnica. Avaliar não é classificar, nem pode ser redutível a um qualquer algoritmo. Avaliar, aprender e ensinar são processos inseparáveis.

Deste modo, os participantes neste Seminário escutaram atentamente a comunicação de Domingos Fernandes, que há décadas investiga esta temática da avaliação educacional.

O tema é de uma profunda complexidade e tem suscitado as mais diversas opiniões ao longo dos anos, sendo que, em 2020 e face às transformações políticas e económico-sociais que se verificam por todo o planeta, o declínio da civilização ocidental, a ascensão da civilização asiática, o acentuar das desigualdades sociais, o alargamento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres e o domínio inexorável do capitalismo financeiro global, realizando os mais extraordinários negócios a nível mundial, independentemente da felicidade dos povos, a tarefa dos professores não parece fácil.

Estas questões, eventualmente de uma complexidade técnica acentuada, quiçá hermética, apesar de irrelevantes para uma parte da sociedade, poderão condicionar o futuro das próximas gerações, a sua capacidade de raciocínio, o seu grau de conhecimento da realidade e o seu espírito crítico face à irrelevância da imensidão de informações que jorram das tecnologias progressivamente dominantes.

Compete aos sistemas educativos caminharem com prudência e cautela por estes novos caminhos, adaptando-se às céleres transformações que ocorrem neste mundo.

Os professores portugueses estão atentos e preocupados, imbuídos de um espírito de missão que os acompanha há várias décadas.

O combate à ignorância, ao fanatismo e à intolerância é permanente, tal como as dificuldades em exercer a profissão de professor.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.