Opinião: Nascida com o destino traçado nas linhas da mão

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“Nasci para estar ali, eu vou continuar”
Joacine Katar Moreira

Tinha prometido a mim próprio não dar palco a Joacine Katar Moreira, vestal do altar do ódio no hemiciclo português, emitindo gritaria estridente e tartamuda contra o racismo branco (como se não houvesse racismo negro!) pondo em causa desagradecida, a propósito e a despropósito de tudo e de nada, o passado histórico de um país que a amparou na subida dos degraus mais elevados da academia e política portuguesas.

Mudei de opinião por ela, com inédita jactância, dizer “ter nascido para estar no Parlamento” sem especificar situar-se ele na sua terra de naturalização (Portugal) ou de nascimento (Guiné) .

Quanto às suas intervenções “para lamentar”, respaldo-me num pequeno texto de um vulto maior da nossa Literatura, Eça de Queiroz, que bem as caracterizam: “Hesita, tataranha, amontoa, embaralha, e faz um pastel confuso que nem o Diabo lhe pega, ele que pega em tudo”.

Seja como for, lamento que se tente apagar com gasolina um passado, em que há culpas dos lados europeu e africano, muito mais do lado desta banda! Haja em vista a disparidade e a selvajaria entre o número de vítimas no massacre indiscriminado de centenas de brancos e negros no Norte de Angola, génese da guerra do ultramar, e de povoações indígenas em Wiriyamur (Moçambique), nesta situação em pleno clima de hostilidades!

Mas daí a querer desvalorizar a gesta ultramarina lusitana nas sete partidas do mundo encontra idêntico fundamento naqueles patetas que, depois de 25 de Abril, fizeram soar trombetas para incriminar ‘ Os Lusíadas’ com a peçonha de ser uma obra fascista e não, “a contrario”, razão de orgulho do mundo literário nacional e internacional.

Com respaldo em argumentos do insuspeito “fascista” Miguel de Sousa Tavares, traço apenas uma breve resenha de um seu comentário público (TVI, 26/11/2019 ). Assim, sobre a polémica que envolveu a então deputada do Livre, traçou ele o seguinte perfil: “Joacine está deslumbrada com ela própria, tendo falta de preparação política”, acrescentando, de forma premonitória, “precisar ela de uma cura de humildade urgente, de outra forma, terá um futuro político turbulento e limitado”.

Por estas situações, e outras quejandas, viria Joacine Moreira a perder a confiança do Livre que a catapultara para um lugar de destaque na Assembleia da República, situação por ela maltratada, quiçá, em nome de uma ambição desmesurada de dar nas vistas.

Assim, de forma infantil, encontrou ela matéria para a sua exigência de cobrar dívidas de Portugal no conto (da minha meninice) de um filho que, tendo feito um pequeno arranjo no jardim de sua residência, apresentou à mãe um factura assim discriminada: “Varrer o jardim “x”; regar os canteiros “y”, etc.

Pagou-lhe a progenitora a quantia exigida deixando, em troca, na noite seguinte, na mesinha de cabeceira do filho, estoutra factura: Despesas com o parto “x”; despesas escolares “y”, etc., etc. Ou seja, segundo ela devemos devolver o que trouxemos das antigas colónias sem receber o que lá deixámos numa debandada em massa para salvaguarda de milhares de vidas trazendo parcos haveres em pequenos contentores pagos a peso de ouro e deixando lá belíssimas cidades – e valores patrimoniais incalculáveis amealhados num vida de enorme sacrifício – que, certamente, são orgulho do extenso e rico continente africano.

Para além disso, incrimina a ex-deputada do Livre os portugueses de gema por actos de um passado colonial, em que parte da nossa geração não era sequer nascida, com o argumento do lobo da fábula de Esopo: ”Pois se não foste tu, foi o teu pai”!

Finalmente, não podia deixar passar em branco a tomada de posição benévola do presidente da Assembleia Nacional, Ferro Rodrigues, que, ao não refrear os discursos de ódio de Joacine Moreira, deu roda livre a gritos tartamudos que, sob a falsa bandeira do combate ao racismo, atearam o fogo desta chaga social tingindo com o negrume do fumo o horizonte relacional entre dois países lusófonos com relações amistosas bilaterais!

Pode ler a opinião de Rui Baptista na edição em papel desta terça-feira, 11 de fevereiro, do Diário As Beiras

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