Opinião: Futebol inglês, americano e português

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Futebol inglês, americano e português são três modalidades desportivas totalmente diferentes, apesar de usarem o mesmo nome. Em todo o caso, ainda existe algumas semelhanças entre o futebol inglês e americano, apesar de o futebol americano se assemelhar mais ao rugby, designadamente na competitividade das ligas e na forma como os adeptos entendem e sentem o jogo.
O futebol português, pelo contrário, é uma modalidade de cariz religioso que não tem nada a ver com as outras duas. O futebol português é um resquício dos tempos em que os santinhos da devoção dos portugueses iam em peregrinação pelas igrejas e capelinhas desse país fora para que os devotos os pudessem adorar de perto e onde as criancinhas desde o berço eram educadas na devoção do santinho da moda. E sempre que a igreja da terrinha se tornava pequena para tanto devoto, o palco era mudado para um recinto maior.
O futebol português não é nada mais nada menos do que isto. A Senhora da Luz, o Senhor de Alvalade e Santinha das Antas, para além das missas quinzenais nas suas catedrais, vão, durante a época, em peregrinação pelos estádios desse país fora para que os devotos os possam aplaudir e lhes tocar, à espera de uma relíquia. Só Nossa Senhora de Fátima se lhes compara em devoção e na comercialização das relíquias. Não é, aliás, por acaso que os portugueses relacionam sempre o futebol português com padres, Papas, igrejas e catedrais.
O futebol inglês não tem nada a ver com isto. Desde logo porque cada jogo é jogado como uma verdadeira final disputada entre clubes que representam cidades ou regiões, sendo absolutamente indiferente a classificação de cada clube, e onde o fair-play é a pedra de toque. O anti-jogo causa repulsa aos adeptos de qualquer equipa. O futebol inglês é jogado por guerreiros destemidos que representam uma cidade ou uma região e não por cobardes, batoteiros ou palhaços. E todos clubes são tratados com a mesma dignidade, seja pela televisão, seja pela imprensa. Em Inglaterra, não há jornais desportivos, nem programas de comentário desportivo com comentadores-adeptos.
Em segundo lugar, porque os adeptos ingleses, como os americanos, detestam provas sem emoção e de baixo nível competitivo. Como dizem os ingleses, só se vê se um cavalo é bom nos obstáculos altos. Por isso, os direitos televisivos são partilhados quase irmamente para que todas as equipas se possam tornar em obstáculos altos para qualquer equipa.
Em terceiro lugar, porque o factor casa aumenta em muito o grau de dificuldade dos jogos para qualquer equipa, uma vez que a massa esmagadora e ensurdecedora dos adeptos da casa empurra a equipa para a vitória. Ao contrário do futebol de sacristia que se disputa em Portugal, os estádios ingleses são feitos à medida da equipa da casa e não para vender bilhetes aos visitantes. Aqueles clubes que dão mais importância às receitas de bilheteira do que ao resultado do jogo deviam ser proibidos competir e ser convidados a montar uma banca na feira ou a dedicar-se ao circo.

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