Opinião: O orçamento, o iParque e a coruja-da-torre

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Alguns articulistas mais parecem as corujas-da-torre, que subitamente aparecem acompanhadas de uma espécie de grito selvagem, a pretenderem assustar, envoltas em vulto branco, mas que são verdadeiramente feias, não só pelo aspeto, mas também pelo som que emitem quando piam, também conhecidas por corujas-de-igreja. Exemplares, que não são exemplo para nada, permanentemente a piarem e, quando podem, nem os amarelos transportadores escapam, tanta ânsia sem limites, nem senso, nem decoro. A vida destas” aves” é uma permanente inquietação.

Temos outras inquietações, bem diferentes da coruja-da-torre, como o Orçamento e GOP da Câmara Municipal de Coimbra. A Assembleia Municipal reprovou-os por 26 votos contra, uma abstenção e 24 a favor, uma votação a significar uma vontade política inexplícita no conteúdo de toda a Oposição.

A opinião pública tem dificuldade em compreender as divergências subjacentes a tal reprovação, sobretudo quando todas as forças políticas afirmam desejar o desenvolvimento de Coimbra. Estamos perante contradições das forças políticas. A reprovação do Orçamento inviabiliza novos investimentos no montante da ordem dos 50 milhões de euros. Quem perde não é Manuel Machado. Quem perde é Coimbra. Quem perde são os cidadãos do concelho de Coimbra.

Fui vereador na Oposição, nunca contribuí para a reprovação de um Orçamento. A reprovação de um Orçamento numa Câmara não significa a queda do presidente da Câmara, nem a sua dissolução. Não significa novas eleições, que seriam de todo injustificáveis, mas significa com toda a certeza a paralisação no desenvolvimento do concelho de Coimbra.

Retirado da vida política ativa, ainda assim, não perdi o jeito. Tenho a sensação de que se tratou de um voto personalizado contra Manuel Machado, mas verdadeiramente alguns não saberão bem porquê, a não ser o receio de uma nova recandidatura, e por isso mesmo, o melhor é paralisar Coimbra.

Manuel Machado, com os votos dos cidadãos de Coimbra, quer se goste ou não, já vai no quinto mandato como presidente da Câmara. E, ao fim de tantos anos no exercício de funções, nem as Instituições, nem os cidadãos lhe apontam nada de indigno no exercício do cargo. E alguns investimentos emblemáticos de Coimbra têm indelével a sua marca.

Tenho a certeza de que as forças políticas representadas na Assembleia Municipal e os presidentes de Junta de Freguesias desejam todos o melhor para o concelho. O voto contra parece não ser mais do que exigências, reivindicações, acertos no Orçamento e GOP. O presidente da Câmara, com toda a certeza, vai ser sensível aos argumentos e não deixará de dar satisfação as pretensões, desde que razoáveis e com suporte legal e financeiro.

E na preocupação do desenvolvimento de Coimbra, na oportunidade, realço os 10 meses de atividade do Conselho de Administração, não remunerado, na iParque, EM, SA. – tudo muito simples, trabalho e “sorte”. Quando sugeriam generais a Napoleão ele perguntava se trabalhavam e se tinham sorte. É isso: a “sorte” dá trabalho.

A iParque negociou toda a dívida financeira de cinco milhões de euros e resgatou-a por 2,8 milhões de euros, o valor de avaliação da garantia real dada no financiamento, apesar de contabilizada no balanço por cerca de 4,5 milhões de euros. Já pagou 2,5 milhões de euros; a parte restante, de 300 mil euros, obrigatoriamente será paga até final do mês de Junho de 2020.

Entretanto, vêem-se gruas no Parque, a SANFIL já começou a construção, a Olympus já iniciou o movimento de terras e a TIS adjudicou e inicia a construção este mês. O Orçamento e Plano para 2020 foi aprovado por unanimidade dos acionistas com um voto de louvor ao Conselho de Administração.

A vida continua e em 2021 esperamos ter mais dois edifícios construídos com a instalação de várias empresas tecnológicas, em sistema de arrendamento, a envolver mais postos de trabalho e desta forma não teremos só a venda de lotes, mas sim a ocupação de todo o Parque, estrategicamente com exceção de um lote, enquanto a segunda fase de infraestruturas não arrancar.

As corujas-da-torre são aves agoirentas, mas com trabalho e sorte – a tal que Napoleão procurava –, tudo vai para a frente. E, em 2021, estamos convictos que estarão mais cerca de 800 trabalhadores no Parque Tecnológico, ultrapassando assim os 1000 trabalhadores. Assim se ajuda a desenvolver Coimbra.

Pode ler a opinião na edição em papel desta segunda-feira, 6 de janeiro, do Diário As Beiras

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