Revivem-se os tempos de 1999, quando a saturação dos cidadãos com a Câmara, que queriam sua, os uniu e motivou a desalojar aqueles que transformavam a governação local num triste e revoltante faz de conta.
Todas e todos os que querem de verdade uma cidade democrática, culta e desenvolvida, digna do seu passado de irradiação para o ser português, já perceberam que o problema central de Coimbra não é a falta de recursos, nem financeiros nem humanos. O problema central está, como o nome indica, no núcleo mais central da governação da Cidade, que amesquinha e repele todos os que dele não fazem parte ou a ele não se vergam. Não, não se pense que estou a falar apenas de um homem, muito menos de um “mau feitio”. A governação em clique fechada, por isso surda, por isso arrogante, é um vírus com grande capacidade destrutiva do tecido cívico. Começa por contagiar os círculos mais próximos do exercício do poder (vereadores/as, deputados correligionários e afins) alarga-se rapidamente a grande parte dos dependentes, diretos e fregueses. Todos os que não se deixam contagiar passam a ser vistos como estranhos ou inimigos, consequentemente ou desistem ou vêem-se forçados a um esforço redobrado para se fazerem ouvir, num contexto de medo e desânimo. Na maioria dos casos observados, o organismo da Cidade leva entre 8 a 12 anos a recompor-se, isolar o vírus e neutralizá-lo. A Coimbra de hoje é o amargo exemplo de que a recaída é possível, quando as defesas abrandam.
Insisto. Não se trata de demonizar o presidente. O erradamente denominado “machadismo” é um fenómeno de perversão da cidadania que, nestes escassos 6 anos de recaída, atingiu alguns novos protagonistas da maioria, dentro do PS e dentro da própria CDU, que se supunha pudessem ser de outra fibra e de outra cultura. Ademais, centrar a identificação só na pessoa do presidente deixar-nos-ia indefesos perante uma mutação do vírus que consistisse numa troca de rostos. A mesma escola, adquirida em longo e estreitíssimo convívio, produziu e replicará, inevitavelmente, os mesmos vícios.
Dito isto, coloca-se a todos os que não desistem a apaixonante missão de, no curto tempo de 20 meses, erguer a candidatura de Coimbra a Cidade Democrática 2021. O Plenário do Movimento Cidadãos por Coimbra – CpC – debaterá, já no próximo dia 1 de Fevereiro, de forma aberta e livre, as propostas do CpC para estimular e contribuir para essa marcha coletiva, do êxito da qual depende em grande medida o futuro democrático da nossa terra. Dar-vos-ei as notícias, muito em breve.