Livro de contos revela lado improvável do jornalista Rocha Pato

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Muitos ainda lembrarão o jeito desassombrado e atrevido, o cachimbo preso entre os dentes, a forma destemida com que interpelava as altas figuras do Estado. Albano da Rocha Pato foi uma testemunha viva e implacável do dia-a-dia de uma cidade cinzenta, amordaçada pela censura que soube fintar como poucos.
Quase 40 anos depois da sua morte, é lançado um livro que revela um lado desconhecido do decano do jornalismo de Coimbra. “Uma Luz do Mar” é um livro de contos, editado pela Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, da qual Rocha Pato era o sócio número 102. A obra será lançada no Porto, amanhã (dia 16), às 18H30, apresentada por Júlio Roldão, que chegou a acompanhar o decano e que prefacia o livro.
Em Coimbra, o lançamento será no dia 21, pelas 18H30, na Almedina Estádio de Coimbra. A apresentação estará a cargo de Abílio Hernandez, que integrava, juntamente com Rocha Pato, o grupo de intelectuais que se juntavam na Brasileira, na rua Ferreira Borges, referência da intelectualidade de Coimbra, antes e depois do 25 de Abril de 1974, e um dos espaços de tertúlia mais emblemático da cidade.
“Era um pequeno grupo divertido. Na loucura dos anos 50 e 60 desta terra, que era uma terra medieval e fechada, aquele grupo da Brasileira era um grupo muito divertido. Não era só a parte intelectual, era também a parte lúdica, o que contrastava com aquele período em que tudo era jesuítico”, recorda Rui Pato, filho do jornalista e uma das figuras centrais da canção coimbrã – com 16 anos, foi primeiro grande acompanhante do Zeca que conheceu, precisamente, por intermédio do pai.
No prefácio do livro que é agora lançado, Júlio Roldão lembra que “Albano da Rocha Pato era um jornalista completo, num tempo em que a profissão ainda não exigia, como exige hoje, uma múltipla capacidade de resposta, nomeadamente no domínio de várias técnicas – escrever, fotografar, filmar, paginar…”.

Mestre na arte
de ludibriar a censura
Além de jornalista, Rocha Pato era também um assumido republicano e democrata. Foi o repórter que mais escreveu sobre os acontecimentos da Crise Académica de 69, usando sempre uma linguagem metafórica, gongórica, para ludibriar a censura – era um mestre na arte de “pentear a frase”, como se dizia na época.
Nascido em S. João da Azenha, Anadia (1923), Rocha Pato ainda trabalhou numa empresa de bicicletas em Sangalhos como guarda-livros, após ter completado o curso comercial. Mas foi enquanto funcionário do posto de turismo da Curia, que conheceu Manuel Pinto de Azevedo, proprietário do “Primeiro de Janeiro”. Sabendo da paixão que o jovem tinha pelo jornalismo, o empresário convidou-o a ser o responsável pela parte redatorial do jornal em Coimbra.

Notícia completa na edição impressa de hoje

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