Opinião: Um grito de revolta, que será sempre de esperança…

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É de Coimbra. Jovem. Economista. Social-democrata. Eurodeputada. E substituiu, em recente sessão da Câmara, um menos jovem vereador que, por ser deputado da nação, teve de faltar à mesma. Sucedeu que a promissora jovem política não perdeu a oportunidade para dizer o que pensava sobre o estado da sua e nossa terra, tendo evidenciado de forma clara algumas razões do decaimento de Coimbra nos últimos tempos. Terá referido o que muitos outros já têm dito e escrito, mas falou no local certo, e para quem nunca parece querer ouvir o que a cidade lhe diz…
Quanto ao que foi dito pela jovem e pelos que governam a autarquia, está tudo na internet e nos jornais. Pelo que, em vez de o repetir, prefiro escrever para aqueles que, democraticamente, têm elegido os que têm conduzido Coimbra a perder influência e fulgor, entre os quais há quem conte décadas de gestão da urbe. E também para todos os outros que, por falta de união e visão, liquidaram a esperança de se vencer quem, há demasiado tempo, vem entorpecendo este burgo.
São já demais, os anos em que Coimbra assiste ao progresso de muitas outras cidades do centro de Portugal. Como Viseu e Cantanhede (esta, mesmo aqui ao lado), que tanto se desenvolveram. Ou Águeda e Aveiro, que vão progredindo muitíssimo, assim como Leiria e Marinha Grande. Todas elas, expoentes regionais de empreendorismo. E cada uma delas poderia ser tomada como modelo, por quem tudo devia fazer, para Coimbra progredir muito mais do que tem acontecido.
Mas há outros exemplos. Basta ir para norte, e parar em locais como Albergaria-a-Velha e Ovar. Ou rumar a sul por Pombal, ou pela Figueira da Foz, Monte Real (para quando, um aeroporto?), Caldas da Rainha e Torres Vedras. Ou chegar a Castelo Branco por Tomar e Abrantes. E volver a Coimbra pela Covilhã, Guarda, Seia, Tábua e Mortágua. Mesmo sem sair da Região Centro, são várias, as povoações notáveis. Mas a questão não é o progresso havido em terras mais pequenas do que Coimbra. O problema é Coimbra continuar a não desenvolver dinâmicas locais que induzam empreendedores a criar aqui mais empregos e riqueza, para haver maior progresso.
Coimbra tem crescido em diversos domínios. Mas, face ao potencial existente, o que a cidade já tem, é muito pouco. Para atrair muitos empresários, dos que enfrentam o futuro com audácia, por saberem conquistar mercados exigentes, Coimbra carece de locais, regulamentos, incentivos e de outros meios essenciais para fixar grandes investimentos. O que exige gestão inovadora e dinâmica, e políticos que saibam que só com outras políticas locais, haverão mudanças radicais.
O que aquela tão jovem vereadora disse aos que, de modo autista, a acusaram de parecer idosa e de ter andado ausente, é o que boa parte da cidade sente. Pelo que é dramático que nem perante tamanha sinceridade juvenil, um poder autárquico caduco, mas que se eterniza, não medite no que muitos lhe vão sugerindo, com a sabedoria de quem conhece o nosso país, e tanto mundo…
Coimbra terá de sair da letargia em que está. É que a humanidade não pára. E o grito de revolta que se voltou a ouvir nos Paços do Concelho, foi mais do que isso. Foi um grito de esperança na construção de um melhor futuro que todos queremos. Mas, para o construir, haverá que derrubar barreiras de imobilismo, e levar de vencida quem se compraz em manter uma inércia descabida!
Votos de um próspero Ano Novo, e de que nele ecludam as sementes de nova cultura autárquica que respeite as opiniões dos que não se acomodam à sensaboria com que Coimbra é gerida. É que só com gente jovem e capaz, é que Coimbra, e o centro do país, desabrocharão plenamente.

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