Quando o Marquês de Pombal fez a reforma da Universidade, pensava em transformar a Ciência numa fonte de conhecimento para a melhoria do uso dos recursos naturais, executado através do conhecimento químico que permitisse a industrialização do País e em particular das Minas que fossem já conhecidas ou que o viessem a ser.
Era isso tarefa de que estava encarregado o professor de Química da Universidade, Tomé Rodrigues Sobral que ciente disso escreveu:
“Deixando, porém este objeto, passo àquele que unicamente me proponho; qual é dar uma notícia abreviada de algumas Minas metálicas que me têm sido comunicadas e enviadas ao Laboratório com suas descrições, ainda que pouco circunstanciadas: e de algumas outras que nas vizinhanças de Coimbra têm sido descobertas” ( 1 ).
Propunha-nos assim o desenvolvimento de uma indústria nacional, que era já o objetivo da Reforma da Universidade, ou seja, de um Química Fabricante, que se ocupava da aplicação dos conhecimentos químicos às necessidades ordinárias da vida.
É o que agora preocupa os nossos ambientalistas, que podem também ser os nossos cientistas a propósito do lítio que usamos nas nossas vidas, sendo por isso a sua produção uma necessidade ordinária da vida de cada um de nós.
Por isso, a discussão social deve ser feita com a serenidade possível, ouvindo o que a ciência nos diz e escrutinando a seguir aquilo que podemos usar sem perigo, assinalando ainda o que devemos usar só com as cautelas necessárias.
De facto, está em jogo o uso de recursos naturais que podem ser criadores de valor económico e empregos, salários e lucros. Mas, a poluição e a destruição de outras atividades económicas e sociais é o reverso que sempre devemos acautelar.
Há que compatibilizar os valores da Paisagem, da Agricultura, da vida aldeã, do ambiente, da Indústria, do comércio, dos transportes, etc., Ou seja, todos os interesses legítimos devem manter a sua viabilidade, não ficando ninguém prejudicado na sua vida pessoal e profissional, procurando-se em tudo aplicar as soluções de engenharia que o permitam. Infelizmente, a nível nacional, os casos da extração de mármore em Borba e no Brasil, a Barragem de Brumadinho que ruiu, mostram como a ganância do poder financeiro na sua procura ilimitada de lucros, impedem que a racionalidade possível com a ciência de que dispomos nos proporcione com segurança os bens necessários à modernidade da nossa vida coletiva.
Tudo isto impõe que as decisões políticas dos governantes sejam escrutinadas, sempre, de forma a que o ambiente e a economia se mantenham compatíveis com a preservação da saúde de cada um de nós e, ainda, com a necessidade de todos ganharmos honestamente o pão de cada dia.
( 1 ) Jornal de Coimbra, vol. XI, Parte I,
número XLVI, 1816, p. 223.