Olho para o ecrã vazio… tão vazio como eu…
Mesmo quase centenária, Mãe nunca tem idade;
Apenas mais uns anos do que tinha na mocidade…
A minha Mãe partiu há dias… há uma eternidade…
No preciso dia em que, décadas atrás, à luz me deu…
Dela lembrarei para sempre que, ao longo da sua vida,
teve tempo para amar, ser amada, sofrer, e ser feliz.
Perdeu dois filhos, perdeu o marido, mas, até perder a vida,
mesmo quando de dor chorava, acabava por, no fim, sorrir…
E quando alegre, ria… Mas ria, como nunca vi mais alguém rir!
Com ela aprendi que não importa o ter, nem o poder.
Importa sim, viver em paz consigo mesmo, e fazer sentir,
a quem amamos, o amor que por eles sentimos.
Como o amor que, de minha Mãe, sempre senti…
O mesmo terno e eterno amor, que por ela sempre nutri.
Ainda há pouco sorriste, quando me viste pela última vez…
Depois, adormeceste, e parecias feliz… Descansa em paz, Mãe.
Sabes, querida Mãe, um dia riremos de novo, de quando em vez…
E quem é que não diz, ao despedir-se da sua Mãe pela derradeira vez:
Obrigado pela vida, e pelo amor que me deste, minha querida Mãe.