Alta de Coimbra é pouco amiga do idoso

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Tem 95 anos e vive na Alta de Coimbra. Basta conhecer estes dois elementos para concluir que Alexandrina Ferreira da Cruz… não tem uma vida fácil.
É essa a conclusão da investigação levada a cabo pelo projeto MOBI-AGE que, no último ano, esteve na Alta da “cidade dos estudantes” e na Baixa do Porto a avaliar as condições de mobilidade da população idosa naquelas zonas históricas. Financiado pelo programa MIT Portugal e Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o estudo exploratório foi para o “terreno” recolher testemunhos de cerca de duas dezenas de residentes e turistas seniores em cada uma das cidades, investigando os hábitos e dificuldades dos “graúdos” que se recusam a definhar em casa.
A tese de que os idosos saem pouco de casa foi, aliás, refutada pela coordenadora do estudo, Anabela Ribeiro, docente e investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. “Os seniores, até por não terem ocupação profissional, são, muitas vezes, quem anda mais pelas ruas. E a tendência é para este cenário se adensar, já que as pessoas vivem cada vez mais anos e com mais qualidade de vida e, consequentemente, de forma mais ativa”, explicou a responsável, que destacou a importância de instrumentos públicos como o “pantufinhas”.
Ontem, no Ateneu de Coimbra, os investigadores apresentaram o balanço deste projeto, que, em janeiro, será apresentado no MIT, em Boston. Ali, confirmaram a ideia de que “as cidades não estão adaptadas para um futuro próximo”, que é como quem diz, um futuro com mais idosos nas ruas.
De acordo com os especialistas, a falta de corrimões, os grandes declives e a irregularidades dos pavimentos – nas zonas históricas os pisos “são um problema comum” – lideram a lista dos principais obstáculos com que esta população se depara. A estas barreiras arquitetónicas, junta-se a questão dos transportes públicos que nem sempre são adequados a quem sente uma mera subida de degraus como um verdadeiro sacrifício físico.
As dificuldades foram contadas, esta terça-feira, na primeira pessoa. “Vivo na rua da Matemática e, muitas vezes, para chegar a casa tenho de ir agarrada às paredes. Não há corrimões em lado nenhum! Ainda hoje ia dando uma queda…”, relata Alexandrina Ferreira da Cruz.

Notícia completa na edição impressa de hoje

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