O presidente da Cooperativa Agrícola de Montemor-o-Velho diz que a água acumulada nos campos de cultivo do Baixo Mondego poderá ali ficar meses e antecipa prejuízos gravíssimos para o regadio.
Armindo Valente estima que, com a situação de cheia que afeta aquela zona desde sábado, “praticamente a totalidade da área de cultivo do Baixo Mondego [entre 5.000 a 6.000 hectares, o equivalente a mais de 8.500 campos relvados de futebol] está debaixo de água”.
“Uma parte pelas inundações provocadas pelo Mondego, outra pelos afluentes, pelo Pranto, Arunca e Foja, mas está tudo debaixo de água”, reforçou.
Mesmo sem que a barragem da Aguieira esteja a fazer descargas, a água continua a entrar nos campos agrícolas pelo buraco aberto na margem direita do leito principal, à razão de 400 m3/s – 400 mil litros por segundo – débito revelado ontem pelo comandante distrital de operações de socorro de Coimbra, Carlos Luís Tavares.
“Compete à APA [Agência Portuguesa do Ambiente] perceber como é que esta água toda que está dentro dos campos agrícolas vai regressar ao Mondego, porque todo este escoamento do vale central é feito por um sifão que é como um ralo de uma banheira gigantesca”, ilustrou Armindo Valente.
“Não estou a dizer que o sifão tem de ser aumentado, porque senão estaríamos a transferir a cheia dos campos do vale central para Montemor. Mas têm de ser feitas umas comportas na confluência do leito periférico com o rio Mondego, para que esta água possa ter condições de regressar ao Mondego, porque só com o sifão nem daqui a seis meses sai.