Opinião: Austeridade II

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Ia a Trás-os-Montes quase todas as semanas. Agora é que é uma vez por ano e só nas festas da minha aldeia. Já não ia com a frequência habitual, mas fui visitar a um lar da Misericórdia a esposa do meu primo que fora governador do distrito de Bragança.

Foi opção sua o lar. Tinha a mesma vivacidade de outros tempos. O marido já tinha falecido. Tinha dois filhos, um casado, que estava a trabalhar no Porto, e um mais novo, professor primário, solteiro e que todos os dias estava com a mãe no lar.
Contou-me que, quando o marido era governador civil, trabalhava mais que ele, porque estava de manhã à noite a ouvir os queixumes, que à noite transmitia ao marido, e ainda acumulava as tarefas domésticas.

Mais me contou que, um dia, o marido foi receber o Presidente da República almirante Américo Tomás, à entrada do território da sua gestão. O Presidente olha para uns cabos suspensos em pilares metálicos no ar e pergunta-lhe: “O que é aquilo?”. Responde-lhe: “São os cabos ladrões. Levam a electricidade cá produzida e não dão qualquer benefício”. Que austeridade?
Isso explica que haja cerca de 256 mil transmontanos em Lisboa e que esteja tão despovoado o meio rural e que o apregoado rendimento para sustentar a economia e os governantes seja o turismo e apenas o turismo.

Temo que Coimbra esteja a seguir o mesmo caminho. Os seus jovens procuram Lisboa ou o exterior. Creio que li que tem na globalidade menos 50 mil habitantes.

Mas queremos falar com o presidente da câmara ou com o reitor. São tantos os que os rodeiam e ninguém para nos atender. Queremos falar com um deputado europeu ou da nossa Assembleia da República e não sabemos qual o seu curso ou aptidão, não o encontramos ou não sabemos aonde nos dirigir. Que austeridade!

E não sabemos qual o seu saber e, pelo menos, o curso que têm. Será Direito? Letras? Economia? O que fizeram? Que provas deram? Quase a certeza que assim será na maioria. Aceitam tudo, não recusam nada. A partidarice e a austeridade evidentes…

A austeridade tem o sinal ao contrário do que deveria ter. Está em causa o caminho para lá da saúde, a justiça, o ensino, a investigação, a agricultura, segurança,…. Os nossos governantes, da vila à cidade, cada vez com mais assessores, melhores carros, bem vestidos, sorridentes.

Isto leva-me a escrever no livro “EIVA”, Energias Indispensáveis à Vida, que é a energia alimentar, electromagnética e das ideias e pensamento, um acrescento de última hora que é ELVA. Isto porque fui em excursão a Elvas e não vi um animal, as oliveiras em agonia, nos campos, a erva em cubos revestidos em plástico, que era para exportar matéria orgânica, o alimento da terra. Com ELVA quero significar Energias Limitativas da Vida, ou seja, a fome, a poluição e a impreparação dos políticos.
Estou a prever que tudo isto venha a acontecer.

Eu teria alguma coisa para ensinar ou pelo menos aconselhar e nem os partidos políticos locais funcionam. Que grande liberdade e democracia!

Valha-nos Deus, que modalidade de austeridade, só que de sinal contrário. A austeridade do desespero…

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