Sempre o Turismo foi um elemento que podia dar uma nova alma a zonas deprimidas e até pobres. Era o que levava a Câmara de Figueiró dos Vinhos a apostar no embelezamento do concelho e em particular da sua vila sede. E logo afirmou em 1943: “Ultimamente esta instância foi distinguida e melhorada com a classificação da estrada de turismo que de Coimbra segue por Condeixa, Penela, Pontão, Figueiró, Castanheira, Lousã, Coimbra 1”.
Contudo, agora que se desertifica o nosso Interior, notamos nas viagens que fazemos muitos cafés e restaurantes fechados e uma falha de animação cultural em muitos concelhos, algo que as câmaras tentam colmatar com iniciativas que muitas vezes se limitam ao Verão e às vezes a certas épocas. Contudo, ninguém se preocupa em salvar as empresas que podem lucrar com o Turismo, e isso nota-se em Coimbra e na sua Baixa e Baixinha, onde confrange tanta loja fechada e restaurantes encerrados.
São os que trazem muita saudade de tempos passados e que foram substituídos por restaurantes muito modernos, que revelam um outro público que se concentra nas grandes cidades do litoral, não chegando a conhecer o país, pois falta uma política de dispersão deste fluxo de gentes, que nelas se concentra, mas que devia sair dele para animar um Interior cheio de paisagens maravilhosas, mesmo que em parte tenham ardido. E só por nelas faltar gente por aí não haver empregos, que, acreditamos, podem ser criados e sustentados por um Turismo que valorize a diversidade das paisagens, uma das nossas pouco valorizadas riquezas. E uma política de Turismo deve integrá-las, ganhando com isso todo o País.
É necessário por isso uma política de valorização das pessoas que marcaram a Cultura Portuguesa, como acontece em Sernancelhe com Aquilino Ribeiro ou até do Padre Vasco Moreira, que criticava os romances iconoclastas de Nuno Montemor do Sabugal, que era aparentado com Pinharanda Gomes. Ou valorizando o Mestre José Malhoa que era um apaixonado pelas paisagens que via e viveu em Figueiró dos Vinhos.
Trata-se enfim de sublinhar que cada terra tem os seus encantos, que devem justificar viagens e, claro, experiências gastronómicas, que preservem tradições locais e tornem este mundo global num paraíso terreal pela diversidade de experiências, em que se afirmam orgulhos locais e se preservam floras e faunas sem desprezar nenhuma espécie.
O turismo pode ser uma forma de valorizar a biodiversidade e a geologia, onde esta assenta. Por isso a iniciativa de criação de Geoparques é de louvar.
Naturalmente por isso devemos convidar todos a viajarem das mais diversas formas: a pé, de carro, de autocarro ou de comboio, animando com a sua presença os mais diversos sítios…e sendo felizes.