No ano de 2018 decorreu, nos países da OCDE, o Projeto TALIS (Teaching and Learning International Survey) sobre o ensino, os ambientes de aprendizagem existentes nas escolas e as condições de trabalho proporcionadas aos professores e respetivos diretores. Vejamos mais algumas conclusões desta investigação.
O ambiente em sala de aula é considerado Bom por 97% dos professores portugueses.
É patente alguma dificuldade dos professores destes 48 países em lecionar numa sala de aula com a presença de alunos com necessidades de saúde especiais. No entanto, em Portugal, 39,3% dos professores declarou não sentir esse constrangimento. Em Itália ( 36,7%), na Finlândia ( 34,8%), em Espanha ( 28%), Áustria ( 26,8%), Holanda ( 26,7%), Japão ( 26%), França ( 25,3%).
Em Portugal, apenas 18,9% dos professores declararam sentir-se preparados para lecionar numa sala de aulas multicultural, uma nova realidade que tem surgido na generalidade das escolas portuguesas. Em França, essa percentagem é de 8,2%, no Japão de 10,9%, na Finlândia de 13,9%, na Áustria de 15,1%, na Holanda de 16,9% e em Itália 18,7%.
Nas escolas portuguesas, em média, o tempo da aula utilizado no processo de ensino-aprendizagem é de 73,5%, sensivelmente idêntico à generalidade de muitos outros países: Finlândia ( 79,9%); Itália ( 78%); Espanha ( 75,3 ); França ( 74,7%); Holanda ( 72,3%); Brasil ( 67,4%).
Em relação à utilização das novas tecnologias (TIC) em sala de aula, existe nos 48 países da OCDE alguma dificuldade nessa mesma utilização por parte dos professores. Assim, apenas 40% dos docentes portugueses declararam que quando terminaram os seus cursos universitários estavam preparados para a utilização das TIC em sala de aula. Apesar do constrangimento, a média é superior à de muitos outros países: Dinamarca ( 39,5%); Suécia ( 37%); Espanha ( 36,2%); Itália ( 35,6%); França ( 28,7%); Japão ( 28%); Finlândia ( 21,5%); Áustria ( 19,9%).
As conclusões do Projeto TALIS 2018 (Teaching and Learning International Survey) são vastas e merecem um estudo demorado e aprofundado, nomeadamente por parte dos decisores políticos.
Os sistemas educativos estão sob forte pressão em todo o mundo, cada vez urge mais o seu reforço, sendo que na generalidade dos países não se assiste a uma preocupação efetiva na valorização da profissão docente, cada vez mais exigente e complexa. Apesar dos constrangimentos e dificuldades várias, a classe docente portuguesa, no geral, é altamente qualificada e dedicada aos seus alunos, como também se pode comprovar neste e noutros estudos internacionais.
Na próxima década iremos assistir a uma acentuada rotatividade dos docentes portugueses, uma vez que cerca de metade dos professores atingirá a idade de aposentação. Estará o país a motivar e a atrair os melhores alunos para esta profissão?