Não sei quantificar o número de gente inútil no Estado português, mas presumo que cada um de nós leva um ou dois ao colo. As pessoas a que não correspondem funções ou tarefas são avassaladoras. Há chefes que para prejudicar subordinados de língua afiada os colocam sem actividades confinados a lugares fixos.
Querem aborrecer e criar tristeza. Conseguem! à custa de nós todos. Há contratados para fazer funções que alguém encerra e portanto não fazem nada. Por vezes querem mover esta gente de lugar e o sistema e a lei laboral não deixam. Há também os que são preguiçosos e esquivos, faltosos, absentistas.
Não lhes vão à mão e não dizem nada para não se aborrecerem, os chefes e os trabalhadores. Aumentam as tarefas dos que sempre trabalham! Os párias ainda não executaram a tarefa e já estão contra, já protestam, já exibem uma indignação ruborizada. Assim fogem os incautos que os procuram.
Os párias obrigam a contratar quem execute aquilo que reiteradamente deixam por fazer. Estão de serviço a uma urgência e não vêem doentes, estão num piquete e param longas horas a almoçar, estão de atendimento a telefones e deixam tocar, vão seis mudar a lâmpada do município, vão uma dúzia compor o muro da casa social, não respondem aos e-mails, não escrevem cartas sem pedir desnecessários pareceres, não correm nenhum risco, não se adaptam a nenhuma surpresa, protestam porque há computadores, protestam porque eles avariaram.
Os párias recebem exactamente o mesmo que os que trabalham. Aqui nasce o problema da meritocracia. Há provas sobejas de que este método tem provocado problemas e há o contrário. Deve pagar-se ao psicólogo que viu mil doentes o mesmo que outro que nas mesmas condições só quer trinta?
A empregada de mesa que resolve com sorriso dez mesas merece o mesmo que a que mal dá vazão a duas? O médico que atende 1200 consultas dividido com o que vê 200 tem uma média de 700 por ano. Ganha o pária?
A controvérsia desta situação é enorme porque começa nas funções inventadas para criar empregos a amigos, nas tarefas inúteis produzidas para obrigar a necessidades que encarecem, nos tipos que são realmente uns preguiçosos, nos que são mal geridos, na ausência de cultura de liderança exemplar, na promoção frequente de quem não trabalha mas se encosta, acosta ou é de sangue.
Sobram exemplos tristes da senhora que geria uma penitenciária e estava desqualificada (a coisa dentro de outra coisa) , no gestor que deu dinheiro ao Berardo e não sabia, no juiz que deixou a criança na mãe assassina. A pessoa errada numa função tem custos para todos nós inquantificáveis na totalidade.