Opinião – Os grandes clubes e os obstáculos altos

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Só se consegue ver se um cavalo é bom nos obstáculos altos. E é precisamente por essa razão que todos os grandes clubes de todas as ligas europeias, seguindo o exemplo americano da paixão pela competição e pelos desafios, se empenharam em aumentar o grau de competitividade das suas ligas, aceitando repartir os direitos televisivos, reduzir os planteis, limitar as contratações e os empréstimos, com vista a que todos os clubes constituíssem obstáculos altos e difíceis de transpor e, dessa forma, tornar mais meritórias as suas vitórias.
Na Holanda, os clubes que participam na Champions aceitam, inclusive, doar 10% das suas receitas para redistribuir pelos outros clubes do liga holandesa.
Só em Portugal isso não aconteceu porque, aqui por estes lados, a ganância sempre foi a grande virtude cultivada pelos poderosos. E Benfica, Sporting e Porto, na sua cegueira gananciosa, temendo que a centralização dos direitos televisivos, adoptada em todas ligas europeias, também viesse a ser implantada em Portugal, correram a fazer contratos de longa duração para inviabilizarem qualquer hipótese dos pequenos clubes portugueses poderem sobreviver sem ser na sua dependência. Ou seja, enquanto, na Europa, os grandes clubes europeus apostaram em subir os obstáculos na sua caminhada para o título, em Portugal, os putativos grandes clubes resolveram descer os obstáculos ao nível do chão, defraudando e falseando a própria competição.
Pensavam os putativos grandes clubes portugueses que, com a competição interna reduzida aos jogos entre os três, tinham mais tempo para se preparar para a montra das competições europeias onde iam exibir o produto para venda.
Esqueceram-se, no entanto, de uma coisa elementar: sem competição interna, as suas equipas deixam de ter estaleca para defrontar clubes europeus com outro ritmo nas pernas e habituados a saltar obstáculos altos todas as semanas. Além disso, os próprios jovens jogadores dos clubes portugueses começaram já a perceber que, se querem triunfar no futebol europeu, têm de deixar a liga portuguesa o mais depressa possível, sob pena de perderem o comboio.

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