Opinião: Inovações

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Quando observamos o mundo de alterações tecnológicas, em que algumas são perversas pois nos encaminham para degradações da nossa condição humana e, talvez, pior ainda alteram os nossos ecossistemas, pondo em risco espécies da nossa fauna e flora e até a vida humana, fazendo-nos adoecer.

É por isso importante que tenhamos em conta as alterações dos currículos escolares, que podem levar a perversidades nas formações profissionais, sendo por isso uma questão política relevante tal como aconteceu em 1822, quando se questionava:

“O curso de estudos da faculdade de medicina na Universidade de Coimbra é o mais longo que há na Europa e ainda que o estatuto que o regula tenha merecido elogios dos sábios, e particularmente dos da escola de Paris, é contudo verdade que tem algumas aulas que nem foram adotadas na nova forma, que se deu aquela Universidade, nem existem em outra alguma; tais são as aulas de medicina e hidráulica, que formam o objeto do terceiro ano matemático”. ( 1 )

Infelizmente, pouco se justificava a mudança em termos de melhoria da qualidade da formação médica. E agora, perante a avalanche de manipulações feitas nos currículos dos jovens e pior ainda das notícias falsas, que invadem o nosso universo televisivo, tornando-nos permeáveis à aceitação de muitas ideias erradas que podem fazer do nosso quotidiano um inferno.

Na verdade, fico estarrecido quando leio no “The Economist” os problemas que acontecem na África quanto às dificuldade no acesso às sementes necessárias para que as colheitas sejam rentáveis, sendo neste caso obrigatório o recurso a sementes que sejam organismos geneticamente modificados, que se afiguram perigosos para a saúde humana e não só, transformando assim a agricultura em agronegócio.

Mais perto de mim, a propósito de transvazes de água do Sabugal, queixam-se os agricultores da falta de água que vai para a Cova da Beira para, aí, permitir outras produções mais rentáveis. Queixam-se também do outro lado da fronteira da falta de água no Norte de Espanha que vai para o Sul. Questiona-se por isso as inovações de gestão com repercussões no abastecimento de água e nas consequentes alterações climátic33as que muitos dizem combater, mas pouco sabem como o podem fazer.

Ninguém ainda se dignou dizer quais as alterações de currículo a introduzir na formação dos nossos técnicos e como as tornar obrigatórias. Por enquanto assistimos apenas a censuras dramáticas sobre o nosso passado, mas sempre sem que ninguém questione a lógica que introduziu certos modos de fazer a produção dos bens e serviços que consumimos.
Mas, que, agora, perante o desastre ambiental, que vivemos, devemos fazer.

( 1 ) Diário das Cortes Gerais e Extraordinárias da Corte Portuguesa, 14 de Outubro de 1822, p. 778, coluna 2 e p. 779, coluna 1.

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