Opinião: “A reflexão deve começar aqui!”

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Em política quem não toma a dianteira e não tem capacidade de antecipar cenários, acaba por ser empurrado. Nas últimas legislativas, o povo português que foi votar , quis trazer novos partidos para a Assembleia da República, percebeu que o PS andou a entreter durante 4 anos, arrasou a vacuidade do CDS e demonstrou ao PSD que apesar de grande partido do sistema nacional, o que fez nos últimos anos, é demasiado fraco para merecer confiança.

Na noite eleitoral estava fora de Portugal. Lá longe, na Alemanha, assisti estupefacto ao discurso de Rui Rio. Não sei se repararam, mas além das palavras de circunstância, malhou em todos porque afinal o resultado apesar de péssimo tinha sido melhor do que algumas sondagens. Não teve uma palavra sobre Portugal e sobre o futuro dos portugueses, num tom que não disfarçava o mau perder. Se , por um lado, o resultado foi mau, por outro lado, o PSD provou ser realmente um partido resiliente e suficientemente implantado na sociedade para resistir a tanta incompetência política. A este líder nunca se ouviu uma palavra de defesa e de solidariedade para com as políticas que foram prosseguidas entre 2011 e 2015 quando o País foi salvo da bancarrota e o crescimento económico regressou, tal como Mário Centeno admitiu, pela mão de um governo do PSD liderado por Passos Coelho.

Nunca o fez porque realmente se trata de alguém que é muito mais talhado para uma sociedade cheia de “Estado” do que uma sociedade que dá espaço à capacidade dos cidadãos, apesar do Estado. Uma sociedade que não se desenvolverá com “centrões” políticos, algo que parecia ser a sua única ambição. Quando nos últimos dias de campanha “mudou a agulha”, ajudado, é certo , pelo caso de Tancos, as sondagens lá subiram meia dúzia de pontos. Ainda bem.

O PSD existiu e existirá para além dos seus líderes de cada momento. Espero que em Janeiro, o atual líder se sujeite a votos , se sentir que tem um projeto. Eu penso que não tem, nem nunca teve, para além de uma ideia de ambicionar ser Primeiro-Ministro, mas essa é só uma opinião. Se assim for, continuará a ser curto e o povo que já percebeu isso, não mudará nada no modo como olha para o PSD. Também me espantei com a posição da atual nomenclatura distrital que, em menos de 24 horas após o dia das eleições, veio pedir a cabeça e a demissão de Rui Rio, apesar deste lhe ter deixado concretizar o sonho , outrora impensável, de ser deputado. Aprendi que o exercício de cargos políticos só faz sentido se houver força política, pelo que coerente será, com os resultados desastrosos no nível distrital, mostrar desprendimento e, por uma vez, coragem, para convocar eleições e reforçar a sua posição política ou sair, se for essa a vontade dos militantes.

Apesar do líder do PSD, as estruturas em Coimbra não existem politicamente. A política só cumpre o seu desígnio com desprendimento e com visão. As estruturas distritais do PSD precisam de recuperar esse idealismo e força, desde logo, porque existem muitas pessoas com capacidade e competência para o fazer. Por isso, pegando na rapidez de raciocínio político nacional do líder distrital, os maus resultados podem ser a causa de reflexão profunda e de viragem. Se não for desta, perder-se-ão mais dez anos. No patamar nacional haverá, com certeza, a necessária renovação que permitirá dar nova energia a uma enorme organização que muito já deu a Portugal, apesar de todos os erros.

No nível distrital, se houver dignidade e consistência, convocar-se-ão eleições, desta vez com tempo, para que os militantes do distrito possam ser ouvidos sem condicionalismos e concluam sobre a liderança que pretendem ter nos próximos anos para, sem populismos, dar honra e voz a cada um dos 17 concelhos que compõem o território. Dar espaço a um novo projeto de desenvolvimento da região, cortando com vícios do passado e que saiba interpretar o que as pessoas pretendem, para além das espúrias conversas nas sedes partidárias. Apesar de todas as agendas individuais e de tudo o que se possa passar no patamar nacional por uma única razão – Batemos no fundo.

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