Com o período de férias a “dar o ré” e o regresso ao trabalho ao virar da esquina, vou deixar de dedicar grande parte do meu tempo – por falta de tempo! – a ouvir alguns sambistas e comediantes brasileiros que, será talvez, das poucas coisas interessantes que o Brasil tem.
Um deles, sambista e sem ser um comediante puro que não posso nem devo identificar porque já não está entre o número dos vivos, foi um dia convidado a ser candidato a um qualquer “lugar político” no bairro onde vivia. Bairro que teria por essa altura alguns milhares de habitantes.
Embora relutante de início, lá aceitou porque estaria em causa a defesa do bem-estar dos seus vizinhos.
No dia do comício de apresentação despovoaram-se os sambistas para apoiar o candidato. Todos cantaram, todos quiserem falar para o elogiar.
Milhares de vizinhos marcaram presença!
Enquanto isso, o candidato ia-se divertindo a beber umas “cervejinhas e umas cachaças” no bar montado para apoio ao comício.
Na altura de falar, o candidato lá subiu muito a custo ao palco por efeito da quantidade de bebida ingerida.
Começou por agradecer a todos a presença. Depois, em ar comicieiro, falou assim:
– Têm aqui médico?
– E respondia o povo; nãoooooo!
– Tem aqui escola boa?
– Respondia o povo; nãooooooo!
– Tem aqui serviços públicos?
– Respondia o povo; nãoooooooo!
– Então, afirmou o candidato; “ o que estão a aqui a fazer, porque não se mudam”?
Lá se foi a eleição do sambista. E ainda bem. Porque não perdemos um homem de eleição, para o Brasil ganhar mais um que eventualmente se poderia perder nos corredores da aldrabice.
Tenho para mim que, pelo menos, não votaria no Bolsonaro. Que não fala, mas bolsa!
No nosso canto, porque somos menos de 10 milhões, existe um deficit grande de comediantes, mas sobram desqualificados e medíocres!
Vamos ver o que a eleição de outubro nos reserva!
Já agora, e para que fique bem claro, a não ser em defesa da honra, até ao dia 6 de Outubro não escreverei nada sobre política nacional, porque a maioria sabe que sou militante de um partido político. É que nestas coisas, ou se é, ou não é! E eu sou.
No entanto, deixo agora um recado à generalidade dos políticos que até esse dia são incapazes de apresentar uma proposta importante para todos os portugueses, embora possa interferir com a legítima ambição de uma classe ou de uma corporação, seja ela qual for! Coragem para reformar, precisa-se!
Todos sabemos, todos sabem, que um médico, um enfermeiro, ou um outro especialista na área da saúde, fica muito mais caro ao Estado, ou seja, a todos os portugueses, do que a despesa real das famílias.
Ora, não faz sentido que fiquem vagas por preencher em várias zonas do país quando os concursos são lançados.
Pergunta-se: “atendendo à evidência anterior, porque não existe legalmente um tempo em que deveriam estar a trabalhar obrigatoriamente no SNS com salário”?
Os meus críticos dirão que cada um é livre de escolher. E é, mas só depois de ajudar quem o ajudou a tirar o curso com os seus impostos! Denomina-se solidariedade!
Será assim tão injusto e tão difícil?
Sei que é uma reforma ousada, mas que tem de ser feita.
O País não suportará muito mais anos estar a formar técnicos para depois os ver sair a “custo zero” para outros países!
Escusava a classe política de ser como o sambista… porque era só sambista!
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