Opinião: Do que diz a Ciência sobre a Felicidade ( II )

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No dia 16 de maio de 2019, decorreu a segunda jornada da conferência “Bem-Estar: O que diz a Ciência sobre a Felicidade?”, organizada pela Delegação Regional do Centro da Ordem dos Psicólogos. Novos oradores, novas abordagens para um tema comum.

Helena Marujo, professora no ISCSP, em Lisboa e Coordenadora da Cátedra Unesco da Educação para a Paz Global, apresentou uma retrospetiva dos estudos, congressos e publicações, em Portugal, relativamente aos temas da felicidade e do otimismo, partindo dos princípios estabelecidos há cerca de 20 anos, no Manifesto de Akumal e da psicologia positiva de Mihaly Csikszentmihalyi.

Nascido em 1934, Csikszentmihalyi, é um psicólogo de origem húngara, impulsionador da psicologia positiva e criador do conceito psicológico de fluxo (flow), um estado mental altamente focado. Ser otimista, controlar a sua inteligência emocional e desenvolver uma psicologia do otimismo, só pode contribuir para melhorar os índices de felicidade, pessoal e coletiva.

Há 20 anos, em 1999, foi publicado em Portugal o livro “Educar para o Otimismo”, seguindo-se a organização de três congressos subordinados ao tema da psicologia positiva, em 2010, 2015 e 2017. No próximo ano, em 2020, irá decorrer o quarto congresso. Olhar para o lado positivo da vida é fundamental, mas a sociedade, com o apoio dos diversos decisores, também tem que melhorar a sua “Livability” (melhor distribuição da riqueza, promoção das liberdades, diminuição das desigualdades, por exemplo). A felicidade deve ser um projeto público e holístico. Todos precisamos de disfrutar mais das pequenas coisas.

Helena Marujo foi uma das autoras do livro “Educar para o Otimismo”, um guia para professores e pais, publicado pela Editorial Presença, em 1999, onde surge a referência ao livro de Mihaly Csikszentmihalyi, “Living Well: The psychology of everyday life”, publicado em Londres, em 1997.

No livro que publicou há 20 anos, Helena Marujo dirige-se mais aos professores e aos pais, afirmando: “A exaustão dos professores deve-se à exposição prolongada a condições negativas e “stressantes”, que incluem desgaste físico e emocional (turmas grandes, alunos muito diversos nos ritmos, capacidades e motivações para aprendizagem, problemas de comportamento e disciplina, horários prolongados, falta de condições físicas, desvalorização vinda dos colegas e dos encarregados de educação, violência, pressão para cumprir currículos…), remuneração não adequada, ausência de boa formação contínua, despersonalização e falta de realização profissional”.

Na conferência que proferiu na Figueira da Foz, 20 anos mais tarde, dirigiu-se a toda a população em geral. Se os dinamarqueses são o povo mais feliz do mundo, os portugueses também têm que procurar caminhar nesse sentido.

“A felicidade da nossa vida depende da qualidade dos nossos pensamentos”, citação de Marcus Aurelius Antonius, incluída por Helena Marujo neste seu livro.

Samuel Antunes apresentou a sua segunda comunicação, referindo a importância do entusiasmo nas Organizações. “O entusiasmo é contagiante e ajuda a criar um ambiente de trabalho positivo”, defendendo que é possível ser feliz a trabalhar.

Célia Carrasqueiro, diretora de Recursos Humanos na empresa Verallia Portugal, desde 1996, apresentou uma comunicação intitulada “Bem-Estar como fonte de motivação e felicidade”, demonstrando, com exemplos práticos, como é possível e necessário, aumentar os níveis de felicidade dos colaboradores das empresas. Todos beneficiam. A empresa, os trabalhadores, as famílias, a sociedade, o país.

A felicidade no trabalho está intrinsecamente relacionada com o contexto organizacional, a satisfação com as tarefas exercidas e o nível de compromisso afetivo com a profissão.

Susana Lopes e Carolina Marques, psicólogas, abordaram a temática da Neurociência nas Organizações, considerando que a felicidade no trabalho aumenta a produtividade, a criatividade e os resultados financeiros das empresas. Profissionais felizes são mais assíduos, menos propensos a desistir, são mais leais e fomentam relações positivas no trabalho.

A ciência prova que existem hormonas (dopamina, oxitocina, serotonina, endorfinas) que estão diretamente ligadas ao processo da felicidade.

Assim, estes caminhos neuronais podem ser estimulados a formar novas conexões. Estes caminhos cerebrais podem ser aprendidos e desenvolvidos. A título de exemplo: os aromas de baunilha ou de lavanda, ativam as endorfinas; o exercício físico ativa as endorfinas, a serotonina e a dopamina; a música ativa a dopamina; rir ativa as endorfinas, a dopamina e a serotonina.

“A mente é como um para-quedas: funciona melhor quando está aberto” (autor desconhecido).

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