Opinião: Um mundo e um país que me preocupam

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Olho o Mundo . . . e de um dia para o outro deparo-me com a imagem do degelo na Gronelândia! A imagem mostra as consequências das mudanças climáticas na região que nessa semana registou 17 graus Celsius quando a temperatura máxima nesta época costuma rondar os 3 graus! Olho os cães a puxar um trenó . . . e o ver os animais a caminhar sobre gelo derretido obriga-me a pensar: A Natureza não nasceu para sofrer demasiadas intervenções cirúrgicas. Quando menos se pensa, torna-se imprevisível . . . para que o Homem avalie a sua força e quiçá tornar-se vítima dela!

Entretanto, verifico que nos corredores do Pentágono proliferam desafios de guerra, balanceamento de poder militar . . . com aliados, sem aliados, com vários pesos e diversas balanças! . . . Penso que o povo americano está hoje menos favorável a guerras no Médio-Oriente, mas a tensão não deixa de existir e vai havendo fumo no ar a deixar algum rasto!

O grande problema é que nem a inteligência humana nem a definição de bem ou de mal são exclusivas de nenhum grupo de interesses à escala mundial.

A memória não será curta para descermos a outra dimensão e recordarmos o jornalista australiano da WikiLeaks que ao longo de 2010 publicou uma série de documentos referentes a atrocidades praticadas no Iraque e Afeganistão . . . jornalista que foi premiado internacionalmente e depois detido pela polícia britânica!

O hacker português Rui Pinto, fundador do FutebolLeaks, considerado informante protegido por diversos países europeus, está actualmente em prisão preventiva em Portugal!

E os órgãos de comunicação social, que cumprem o seu papel a dar notícias, não as esclarecem, antes opinam sobre o fogo sem conhecer o local da floresta. Sendo eles um importante elemento de informação e formação cultural, muitas vezes comunicam de uma forma leviana e superficial. Não se assumem com uma capacidade de analisar ou denunciar algumas das notícias ou comunicados de certos políticos ou governantes que de um dia para o outro surgem de uma forma totalmente contraditória.

Afinal, em que podemos acreditar? Onde está a verdade? É este o mundo que me preocupa!

Mas o meu País preocupa-me igualmente, porque razões semelhantes subsistem.

O nosso povo está apático, mostra-se indiferente . . . e “o País não precisa de quem diga o que está errado, precisa de quem saiba o que está certo” (Agustina Bessa Luís).

Estamos na altura do “massacre dos fogos” que arrasta o “massacre das populações”… Quem entende a política da gestão da floresta… se é que há já alguma política deliberada?!… A confusão aumenta com a informação a entrar pela casa dentro: Hoje ouvimos que está tudo controlado, amanhã três helicópteros parados há muitos meses foram mobilizados. Um professor do IST afirma que a política de gestão da floresta desde os incêndios de 2017 tem sido um desastre e que o ónus cai todo em cima dos proprietários. A seguir ouvimos uma contra-informação de um político ou de um governante a tentar fazer acreditar que xis medidas já foram implementadas. Foram?! Não se vê …

O director do Núcleo de Investigação de Incêndios da Universidade de Coimbra refere como grande falha a insuficiente comunicação da legislação aos cidadãos que são directamente atingidos pelos incêndios e diz que tem de haver um maior trabalho de sensibilização por parte das Autarquias junto das populações. Eu acrescentaria: “em linguagem que elas entendam”. Temos de deixar de ver essas imagens verdadeiramente pre-históricas de homens e mulheres em grandes aflições, com pequenas mangueiras, com regadores e com baldes de água a tentarem que o fogo não se aproxime das suas casas!…
Este mundo e este País preocupam-me porque, afinal, em que acreditamos?

Vem-me à memória o nosso Eça de Queiroz quando desabafa: “políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos, pelo mesmo motivo”.

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