Opinião: Somos só verbo de encher?

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FOTO DB/ PEDRO RAMOS

Passado o período para o rescaldo das eleições europeias, entramos num novo período eleitoral, aproxima-se o chamado “Verão Quente”. Muitos debates virão, arruadas para cumprimentar o povo e ideias progressistas para salvar um país dos seus males.

Neste tempo que se avizinha, não haverá questão que cairá em esquecimento, nem problema sem solução, salvo, claro está, a participação jovem.

Essa parece ser esquecida no momento de dar voz aos mais novos na Assembleia da República. Todos sem exceção proclamam a juventude como bandeira, mas poucos têm a coragem de apostar verdadeiramente nos jovens, numa política nacional em que os protagonistas estão cada vez mais envelhecidos e distantes.

Critica-se a abstenção e a falta de participação jovem, ignorando uma geração altamente qualificada, que se mobiliza para as causas a que reconhece importância, como nenhuma outra geração o faz. A abstenção jovem é o reflexo de uma geração com uma percepção diferente de como deve funcionar a nossa democracia, que não vota em promessas vagas, nem nas caras de sempre, com as quais não sente qualquer afinidade.

Várias são as teorias para que abstenção dos jovens, uns defendem que as gerações de hoje passam por um longo período de transição para a vida adulta, outros defendem que os jovem são mais participativos quanto mais os assuntos forem de seu interesse ou temas que afetem as suas vidas.

Veja-se o exemplo das alterações climáticas, e as recentes manifestações lideradas por jovens em toda a Europa. Também em Portugal os jovens lideram movimentos e manifestações pela defesa do nosso planeta e por uma real política ambiental.

É natural que uma geração, nascida numa sociedade digital e com os horizontes abertos a todo o mundo, não se reveja numa forma de fazer política em que pouco ou nada mudou nos últimos 30 anos. É normal que a nossa geração, não se reveja nos mesmos protagonistas políticos, nos mesmo temas e na mesma forma de comunicar que pouco ou nada mudaram.

Somos participativos, temos consciência cívica e lutamos por outra forma de fazer política, não aceitando que nos releguem para uma participação passiva de quatro em quatro anos.

Os dirigentes partidários “assobiam para o lado” no momento de inclusão dos jovens. O que a nossa geração pretende é uma democracia participativa, mais ativa, que consiga no dia-a-dia representar as nossas preocupações.

Para dar uma perspectiva mais concreta, em 1976 a Assembleia Constituinte tinha 57% de deputados com menos de 35 anos. Hoje essa faixa etária, vê-se representada no parlamento por apenas 12%.

A juventude não é um valor em si mesmo, mas a sub-representação crónica de uma geração não pode ser menosprezada.
A questão não o é se “os jovens querem participar?”. A questão é “para quando a sua inclusão?”.

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