Opinião: Partidarice – Prémio Nobel ou Greves

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Sobre o que escrever, atirei a moeda ao ar: cara ou coroa? Calhou cara, isto é, Prémio Nobel.

Ocorreu-me que propus ao Conselho Científico da Faculdade de Medicina a atribuição do grau de Doutor Honoris Causa, pela Faculdade de Medicina, ao médico Adolfo Rocha (escritor Miguel Torga). Foi aprovado por unanimidade.

Estava na esperança de que a Faculdade de Letras fizesse o mesmo, para que o Prémio Nobel da Literatura lhe fosse atribuído. Teríamos então dois Prémios Nobel da Literatura e não apenas o Saramago.

Fui eu que diagnostiquei a sua doença e o acompanhei até ao finalizar dos seus dias: a visitá-lo, a ampará-lo, onde já estava internado, ou seja, no IPO de Coimbra.

Adolfo Rocha merecia essa atribuição, não por ser médico, mas se não fosse médico, não tinha sido o escritor que foi.

Quando lho propus, disse que aceitava. Porém, o Conselho Científico delegou no professor Adelino Marques a incumbência de lho participar e ele disse prontamente que não.

Quase no dia seguinte, fui visitá-lo e interroguei: “Então disse que não?”. Responde: “Fica para outra ocasião”. Sabia que a sua saúde não ia dar lugar a outra ocasião…

Deu-me uma folha e meia da palestra que, em seu nome, a esposa ia proferir numa reunião de intelectuais europeus em Lisboa. Tenho essa folha e meia em casa, mas não a encontrei.

Mostrou-me imprensa em francês em prol de que lhe fosse atribuído o Prémio Nobel. Disse-me então: “O Prémio Nobel não me foi atribuído porque um partido político a isso se opôs”.

Não é que há dois dias uma senhora minha amiga me telefona a dizer que tinha lido no jornal a notícia da atribuição do Prémio Nobel de Medicina a dois suecos por trabalho sobre a imunologia do cancro. Ficou perplexa. Até pôs na internet a notícia, dizendo que já o merecia há muito tempo um médico de Coimbra, que ela beneficiou dessa sabedoria – creio que foi isto acrescentado, segundo um indivíduo me disse.

Vem-me então à memória que procurei o deputado europeu Dr. Marinho e Pinto, para que defendesse que, pelo menos para fins académicos, não se aplique a proibição da investigação para além dos ratinhos, que é um contra-senso. Não sei se o aceitou, mas pelo menos recebeu-me e escutou-me. Isto leva a que as teses das Ciências da Vida tenham cada vez menos valor, em comparação com o que já tiveram.

Termino dizendo que nenhum sistema político ou religião deve impedir ou limitar a investigação porque os benefícios colhidos são património de toda a humanidade.

Ficam assim para o próximo artigo as greves.

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