Alerta-me o “The Economist” de 6 de Julho de 2019 para a crise global no “Conservantismo” e, no contexto de uma crise geral de valores, fui obrigado a procurar freneticamente n’ O Público o artigo polémico de Maria de Fátima Bonifácio, aquele que até João Miguel Tavares e outros conservadores se sentiram na obrigação de desautorizar. Dividido o mundo entre os que consideram que o mundo está bem assim e os que consideram que há que o melhorar, encontro-me:
“embalado pelo fado de Coimbra
foste dádiva infinita”1
E assim, inspirado por tantos que conheci nas ruas de Coimbra, ou que por lá passaram, sinto-me incomodado com tanta barbaridade que prenuncia que o retrocesso civilizacional que vai continuar pois os que consideram honestamente, que devemos continuar assim, sentem-se mal com aqueles que nas suas hostes propõem retrocessos como se isso fosse o caminho para um mundo melhor. De facto, nem sequer conseguem pensar os conservadores nas alterações climáticas que põem risco a preservação da saúde humana e dos ecossistemas de que o Homem é parte.
Para complicar, a má cabeça dos construtores de aviões causa ainda problemas na circulação área, pois não conseguem acertar nem com o software necessário nem com outras tecnologias para operar com os aviões que a tornam possível, queixando-se disso os seus trabalhadores e utilizadores.
Entretanto, os conservadores que conhecem bem os perigos que as suas perversões lhes podem acarretar, são obrigados a combatê-las para que o mundo tal como o defendem não pereça. E os que os contrariam temem que tudo piore, tornando impossíveis as utopias longamente sonhadas e as revoluções e/ou reformas que as tornariam possíveis.
Nem sequer pensam em aproveitar as perspetivas que a Tomada da Bastilha lhes trouxe como emancipação social.
E como resultado de rejeições impensadas, está Portugal a ser a escolha inesperada de ingleses que, dentro das contraditórias perspetivas do Brexit, procuram ter um passaporte português, obtido com base na histórica expulsão dos seus antepassados sefarditas há meio milénio da Ibéria, elegendo agora como solução para os males que o Brexit lhes pode trazer Portugal e o Porto como terra de promissão.
Os brasileiros brincam já com as decisões de Jair Bolsonaro em nomear o filho Eduardo Bolsonaro embaixador nos Estados Unidos, fazendo aí companhia a Donald Trump, e experimentando por lá as suas habilidades culinárias.
Entretanto, o capitalismo só sonha em ganhar com as fusões de empresas, em que as grandes compram as pequenas, tal como o previu o Padre António Vieira quando falou de peixes grandes que comem os pequenos.
E depois, esquecem-se os donos do capital monopolista, mais nada têm para comer…
1 Rostos de Terra, Coordenação de Maria da Assunção Anes Morais, Maria Odete Costa Ferreira, Carla Espírito Santo Guerreiro e Joaquim Ribeiro Aires, Academia de Letras de Trás-os-Montes, Maio de 2019, p. 73.
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