Comecei a escrever, sem saber muito bem por onde devia começar. Ou melhor; começar sabia, acabar é que seria mais difícil! Ou será!
Ter poder de síntese é bom, mas, com a catadupa de notícias que alarmam o comum cidadão, existem dois tipos de “vontades”: ou escrever de “esgalha pessegueiro”, e não fica pedra sobre pedra no que ao presente e sobretudo “ao futuro” diria respeito, ou ser mais soft (tranquilo) e só “colocar os pontos nos is e os traços nos tês”!
Mas, mesmo assim, a “palavra da salvação” está longe… no infinito!
Vamos lá começar então.
Há duas personagens na política portuguesa que se tornaram numa só. Com que intenção, só o futuro o dirá e nos reservará: Marcelo Rebelo de Sousa e João Miguel Tavares, este último promovido a estrela, ainda que cadente!
Ao Presidente dos abracinhos, que não dos abraços, começa a cair a máscara. Para quem acreditava na sua bondade ou bondadeza!
Agora que o PS o convenceu que não apoiará nenhum candidato – mal, diria eu, porque o diretório do PS ainda não é o dono do PS –, começou a ensaiar um discurso populista por interposta pessoa – João Miguel Tavares.
Este último, entusiasmado que estava, e com o apoio presidencial, “arrancou um discurso à antiga portuguesa”, acusando tudo e todos dos males de Portugal e da democracia. Bem urdida a estratégia, que por sinal até caiu bem nalguns media e população em geral, mas começou de imediato a esvaziar-se tal o vazio que continha.
Até parece que Marcelo Rebelo de Sousa não passava férias no Brasil com Ricardo Salgado, que por acaso, só mesmo por acaso, conseguir falir um banco, prejudicar milhões de pessoas, o Estado ele próprio, que somos todos, e ainda pedir 10 milhões “à cause des mouches” – num francês perfeito!
Marcelo Rebelo de Sousa nunca foi político ou comentador político. Nunca foi presidente de um partido, nem nunca participou em programas televisivos em que dava notas, e lia dezenas de livros por semana. Além de dormir pouco, muito pouco!
Ou seja, Marcelo Rebelo de Sousa nunca soube de nada, nunca viu nada, nunca percebeu nada, etc., etc., etc. Diria mesmo que, foi por isso mesmo que chegou a Presidente da República. Passou-lhe tudo ao lado. Completamente incólume. Um luxo, direi eu!
Chegados ao dia 10 de Junho, nosso dia, de todos os portugueses, JMT entendeu – sem Marcelo Rebelo de Sousa conhecer a sua intervenção, está claro como água – que deveria fazer a intervenção mais desajustada da política portuguesa.
É verdade, sim, que existem muitos gatunos, que “os melhor colocados” sabem bem e exactamente quem são, mas que teimam, para não ferir susceptibilidades, em enfiar a cabeça na areia! Quando finalmente chegam à tona, olham à volta e observam: “ mas que raio se passou aqui”?
Marcelo Rebelo de Sousa está, naturalmente, inocente e inocentado de tudo o que se passa em Portugal. Por uma única razão; não compreendeu o que ao longo dos anos se passava em Portugal!