Opinião: O caminho da esperança II – A escravatura e o desporto

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Sempre houve escravatura (e há), mesmo entre os animais e no homem, imposta pelos mais poderosos. Mas falemos da escravatura do homem e o valor do escravo ser avaliado em dinheiro.

Nós temos a honra de termos sido o primeiro país do mundo a acabar com a escravatura. E, no que diz respeito a como tratávamos os escravos durante o império, nada melhor do que descrever o acontecido após o 25 de Abril. Reunião em África para exigir uma compensação aos esclavagistas. Como era de esperar, o bode expiatório era Portugal, o país menos poderoso e a quem mais se exigia. Levanta-se um cidadão, arquitecto de profissão, mestiço (que encontrei na Guiné, mas vivia em Lisboa), pede a palavra e mostra um documento em que os escravos de S. Domingos pretendiam ser tratados como os escravos portugueses.

O presidente do Senegal disse em Coimbra: “Eu também sou português, porque a minha avó nasceu na Guiné Portuguesa”.
O dinheiro, sempre o dinheiro…

É que nós dávamos dignidade às pessoas. Era por isso que os holandeses diziam: “Não entendemos… Não é que os portugueses e os seus lacaios vêm a ser o melhor exército do mundo?”. Quer mercenários, escravos do dinheiro…
Mas o dinheiro, no momento actual, terá algum valor? Terá? Tem?

Se os bancos podem fugir, os impostos são cada vez mais crescentes (e então o IMI)… As notas podem arder. O pagamento de dívidas pode ser feito através da internet, por artimanhas ou por descuido… A nacionalização dos bens, como esteve para acontecer, com o 25 de Abril…

Donde a necessidade de ter uma profissão além do desporto e até do sacerdócio, para que estejam salvaguardados das desgraças e no nosso ou em outro país possam sobreviver com a dignidade que o homem merece, como estou a pensar na Académica.

É uma vergonha, para todos os conimbricenses (nos quais me incluo) que não tenhamos uma equipa de futebol na primeira divisão. Porque me envolvo nesta pretensão? Embora não seja em nada novo, mas fracassou e, agora, aceitei candidatar-me à presidência do Conselho Académico. É uma pretensão, melhor dizendo, uma omissão…

No meu tempo de estudante, fui presidente de tudo (estatutos Salgado Zenha). A revolução acabou com a Académica e, para não terminar, tomou a designação de Associação Académica de Coimbra – Organismo Autónomo de Futebol.

Tive conhecimento de que os presidentes da Académica se entendem… O que há que fazer? No meu tempo, jogavam na Académica sete estudantes de Medicina, o curso mais longo e trabalhoso.

Dois eram da minha república: cito apenas o Mário Torres, que veio a ser obstetra de grande qualidade e foi meu colega desde o 3.º ano do liceu. Licenciámo-nos no mesmo dia.

Como consegui-lo? Era arranjar uma estrutura como o Colégio Alexandre Herculano, em Nova Lisboa, onde nos encontrámos – e prosseguimos os estudos em Sá da Bandeira e depois em Coimbra onde nos licenciámos no mesmo dia, onde nos fixámos e constituímos família.

Como colégio, deverá ser o espaço do antigo Regimento de Artilharia Ligeira 2 (R.A.L. 2 ), para o despertar de talentos, que me é devido até pelo louvor que me deram e pela condecoração que não deram (creio que porque era tido como comunista). Agora, com o que tenho feito por Coimbra, sou apodado de fascista e até perseguido.

Para o aproveitamento de talentos, poderia ser o espaço do 2.º Grupo de Companhias de Saúde, onde fui aspirante a oficial miliciano médico e até médico de todas as unidades de Coimbra.
Que se invista no desporto para o dignificar! Temos que o dignificar!

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