Opinião: Construtores de esperança

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Foi o tema de D. Virgílio, bispo de Coimbra, aos jovens durante o cerimonial da Bênção das Pastas, ocorrido na Sé Nova.
Que seja este o lema da Académica, pelos membros do Conselho Académico, em prol de que, no máximo dentro de dois anos, a Académica esteja na primeira divisão (e o mereça). Que Coimbra e seus habitantes e todos os estudantes se associem para que isso seja uma realidade. Proporei ao Conselho Consultivo, no ato de posse, que eles, pelo menos, o adoptem.
Que o comportamento de todas as estruturas seja segundo o critério que adoptei quando tomei posse como presidente do Conselho de Administração dos HUC: “O Conselho de Administração a que presido exige lealdade, trabalho e competência, que serão todos julgados com compreensão e tolerância. Mas o primeiro que for desleal, o que pressupõe frontalidade, tem uma guia de marcha para se apresentar no ministério, que perdeu a nossa confiança”.

Disso resultou que batemos o recorde europeu no tempo mais curto de mudança de um hospital, trouxemos para Coimbra o centro da medicina portuguesa e todas as decisões foram tomadas por unanimidade, sem partidarice. Pelo que resignei do poder político que tinha e já não tenho. Sem partidarice, somos invencíveis!

Volto ao passado e, enquanto estudante, fui delegado de curso, presidente do Conselho da Faculdade, presidente do Conselho Fiscal da Associação Académica, presidente da Comissão Central da Queima das Fitas e, ainda, (este por eleição) presidente da Assembleia Magna nos três últimos anos.

Como presidente do Conselho da Faculdade trouxe a inovação em que dois colegas são distribuídos por cada uma das enfermarias para recolher informação sobre quais são as doenças, o tipo de doenças e a cama em que o doente se encontra. Na senhora Maria das Batas ficava essa informação. Assim, conforme o que se estava a estudar, tinha-se informação da enfermaria, da cama e do doente. Tudo confidencial… Hoje os estudantes são vistos como um estorvo para o hospital (se calhar alguns administradores assim pensam).

No ano anterior àquele em que presidi à Comissão da Queima das Fitas, no dia do cortejo tinha havido um sururu no largo da Portagem, junto ao Banco de Portugal. Tiros. Encerraram a Queima das Fitas. Ficaram as dívidas.

No ano seguinte, o reitor Maximino Correia, meu professor de Anatomia, recebeu-nos de pronto. Digo: “Somos a Comissão Central da Queima das Fitas…”. Logo pergunta: “Mas quem vos disse que o Governo, o Senado e a Reitoria querem que se faça a Queima das Fitas?”. Olho para todos e, sem combinarmos, levámos a ponta da capa direita ao ombro esquerdo, curvámo-nos e eu disse: “A Queima das Fitas faz-se nem que seja contra a vontade do Governo, do Senado e da Reitoria”. Já não lhe estendemos a mão. Estávamos já de saída, à porta dos archeiros, quando o reitor veio a correr e disse: “Façam a Queima das Fitas que eu estou convosco sejam quais forem as consequências. Dou-vos já 30 contos que sei que estão sem dinheiro”.

Fizemos uma Queima das Fitas de austeridade, sem pedinchices e tivemos 153 contos de lucro. Pagaram-se as dívidas e creio ter sido a primeira e última vez em que o produto da Queima das Fitas excedeu o previsto.
O Senado, na sua reunião, aprovou um voto de louvor pela dignidade e compostura com que decorreu a Queima das Fitas.
(continua)

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