Carlos Manuel Dias, histórico comerciante de velharias e antiguidades, vai hoje a enterrar. Durante décadas, com a sua loja designada “Velhustro”, foi um ícone da Baixa.
O “Velhustro” era uma loja única. Criada no Largo do Romal, passou pelo Pátio do Castilho mas acabou por regressar ao típico largo, ali a dois passos da igreja de São Bartolomeu.
Aqui há anos, outro conhecido comerciante de antiguidades, e empenhado bloguer, Luís Quintans, publicou uma saborosa entrevista com Carlos Dias de que aqui se respigam dois ou três momentos-chave.
Assim, ficou a saber-se que Carlos Dias, então funcionário Emissora Nacional, abriu a sua loja em junho de 1971. Na altura, havia em Coimbra apenas duas lojas similares: o Bomberg, na Rua Eduardo Coelho, e o Plácido Vicente, na Rua da Sofia.
Carlos Dias era conhecido também pelo seu temperamento. “Bem sei que, para muitos, tenho um feitio esquisito, mas cada um é como é. Sou direto e objetivo. Não sou pessoa de meias palavras”, admitiu, revelando: “Já mais do que uma vez fui descalço na procissão da Rainha Santa. Sabe porquê? Para fazer ver aos meus amigos que desta vida não levamos nada. Para quê a ostentação?”.