“A cultura não é sinónimo de bondade”

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DB-Carlos Jorge Monteiro

Pode a cultura salvar-nos? “A cultura não salva rigorosamente nada. E não nos salva, sobretudo, da barbárie”. Manuel Castelo Branco, presidente do ISCAC| Coimbra Business School de 2010 a 2018 e um “curioso da cultura”, deu vários exemplos: um deles, o de Joseph Stalin, que “começou por ser um poeta promissor e que passaria, depois, a ser um tirano que quis ser poeta”.

“A cultura não nos salva – não é instrumento para sermos melhores pessoas”, disse Manuel Castelo Branco, para logo dar o exemplo da Europa, “lugar primeiro”, pelo menos para a civilização ocidental, onde se registaram os fenómenos de maior violência de que há memória. Por isso – lembrou – “a cultura não é sinónimo de bondade”. “Penso, contudo, que a poesia e a música, por exemplo, são impulsos profundos ligados à perplexidade perante o amor e à morte (finitude). Mas a cultura não nos salva, nunca nos salvou da barbárie”, disse.

Numa tertúlia que decorreu, ontem à tarde no auditório da Feira Cultural de Coimbra, as opiniões não foram unânimes. Cristina Robalo Cordeiro, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, discordou, desde logo de Manuel Castelo Branco, porque – afirmou – “tudo é cultura: o ato, o gesto, a palavra. A cultura é anti destino, como afirmou [o escritor francês] André Malraux .

E questionou: “A cultura não nos salva da barbárie? Quanto mais cultura, mais livre; quanto mais livre, mais desperto; quanto mais desperto, menos alienado. Somos coletivo através da cultura”, defendeu.

Leitura, para ser verdadeira, tem que nos resistir
Na sessão que decorreu no âmbito da obraCoimbra, a região e o futuro – conhecimento e afectos, ontem, hoje e amanhã”, lançado em maio, Hélder Rodrigues, o autor e promotor do debate, instou-os a falarem sobre “o passado e o futuro do livro”.

Notícia completa na edição impressa desta terça-feira, 11 de junho, do Diário As Beiras

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