Opinião – A revisão da Carreira Docente e avaliação dos professores

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“Entre nós a mediocridade é ainda decreto”.
João Lobo Antunes, neurocirurgião ( 1994-2016 )

Segundo o “Expresso”( 11/05/2019 ), “Costa recusa uma ideia que já ganhou lastro no PS e no Governo: a de que se devia mexer nas carreiras e avaliação dos docentes, como pedia a direita”. Releve-se, ainda, que “até na ala esquerda [do Partido Socialista] se admite que era desejável”.
Num país bicéfalo em questões de Ensino, por um lado uma “belicosa” Fenprof, por outro lado tíbios ministérios da tutela permeáveis a pressões sindicais, existe e prospera uma carreira docente [única, sem paralelo no mundo, para professores do básico e secundário, que nem a época Gonçalvista teve a coragem de criar.
E nesta anómala situação, em vésperas de eleições para o Parlamento Europeu, assiste-se a uma espécie de tréguas sagradas, a exemplo da Grécia Antiga: o governo não mexe nas carreiras e avaliação dos docentes e a Fenprof compromete-se a desconvocar uma greve ameaçadora à avaliação dos alunos por si previamente gritada aos quatro ventos!
Trata-se de uma carreira docente que nivela por igual todos os professores submetendo-os ao suplício de um hodierno “Leito de Procusto”, da mitologia grega, “esticando os professores menos letrados e amputando as pernas aos mais habilitados para, nesse parto teratológico , caberem todos os docentes com parca distinção das respectivas estaturas científica, técnica e pedagógica”, como escrevi na introdução do meu livro: “O Leito de Procusto” e o subtítulo: “Crónicas Sobre o Sistema Educativo” (Outubro de 2005 ).
Anos atrás, num meu artigo de opinião, formulei a pergunta sobre a percentagem de professores negativamente avaliada. Até hoje silêncio absoluto, mantendo-se, como tal, de pé a questão a que ninguém responde o que me leva a pensar ser ela residual e, como tal, demonstrativa do facilitismo da avaliação dos professores.
Só um julgamento enviesado à partida por interesses sindicais pode fazer engolir à opinião pública a pílula da boa qualidade de todos os docentes, como tal, dignos de chegarem ao topo da carreira docente com idêntica desfaçatez de considerar que todos os pianistas são aptos a pertencerem a uma orquestra de música erudita. Em minha defesa, evoco a inexistência de antigos alunos que se não recordem dos bons e maus professores que tiveram, prestando homenagem aqueles e invectivando estes.
A não ser por surto amnésico, considero isso impossível embora possa ser contraditado por “haver sempre uma caterva de ingénuos prontos a escrever a história da última idiotice, a solenizar as tolices, a encontrar significados recônditos nas nulidades, a conceder entrada às imbecilidades no ensino de todas ordens e graus, pensando que fazem obra democrática e progressista” (Mario Perniola, professor da Universidade ‘Tor Vergata’ de Roma).
Estas personagens, sob a capa de pedagogos progressistas, não passam de bobos de uma maltratada pedagogia ao serviço de determinados fins políticos!

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