O que têm em comum o Jardim Municipal e o 25 de Abril? Aparentemente, nada. Mas se quisermos, tudo.
Decorreu ao longo dos dias que passaram o Jardim da Páscoa no referido Jardim Municipal. Coelhos à solta, caça aos ovos, circo mágico, exploratórios de ciência, ateliers, oficinas e actividades várias aconteceram a bom ritmo, perante uma plateia muito bem composta e debaixo de um sol convidativo. Eu, que acompanhei de esguelha, senti um vivido sucesso na iniciativa e convenci-me, espero que acertadamente, que quando as coisas acontecem de forma corrente, coerente, lógica, com bom senso e gosto, as pessoas da Figueira largam esse teimoso e maléfico hábito de acariciar o sofá e vão para a rua disfrutar e celebrar acontecimentos. Parabéns, pois, às pessoas que o proporcionaram!
E o 25 de Abril, pá? O 25 de Abril, estando presente no nosso dia-a-dia, passou a celebrar-se, desde quase sempre, de uma forma perfeitamente aborrecida, com repetitivos e enfadonhos discursos e cerimónias de abrir a boca de sono, numa irritante homenagem à vulgaridade. Tornou-se um dia tremendamente chato e previsível, até para o mais puro dos 25 de Abrilistas.
Ora, aproveitando esta onda do Jardim Municipal a brotar coisas boas, sugiro que a mesma equipa que idealizou e produziu o Jardim da Páscoa se atreva e arrisque em 2020 a criar um verdadeiro Jardim do 25 de Abril, do antes e do depois, do pode e não PIDE, com ateliers, oficinas, experiências e actividades referentes à época, que ensine o mais novo, arrebite o do meio e comova o mais velho. Fazer bem, fazendo diferente. No 25 de Abril. Sempre!